Vol. 20 No. 1 (2024): JAN-DEZ
A Edição 201 da ArquiteturaRevista é composta por 6 artigos e marca a retomada da revista de suas atividades de fluxo contínuo. Após uma edição (191) com particularidades relevantes para o espectro teórico contemplado pela revista, a partir da parceria com o “XIX Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído – ENTAC 2022”, a edição atual retoma o fluxo de submissões tradicional, mantendo o objetivo de disseminar a pesquisa científica a partir da discussão aprofundada de temáticas contemporâneas que expressam as diferentes escalas e enfoques da arquitetura e urbanismo na américa latina e no mundo.
No primeiro artigo desta edição, intitulado “El Fab-Lab como instrumento que impulsa la innovación en el proceso de diseño” o(a)s autore(a)s Cristhian Mayorga-Robayo, Maria Camila Castellanos-Escobar e Rolando Arturo Cubillos-González, da Universidad Católica de Colombia, abordam questões relevantes a partir do aumento da relevância e da incidência dos Fab-Labs a partir da utilização de novas tecnologias digitais nos processos projetuais, otimizando seus processos e implementando novos métodos de trabalho colaborativo associados ao co-design. A partir de um panorama deste cenário na américa latina e no mundo, o objetivo do artigo é examinar a partir de uma revisão teórica como os processos de inovação são compreendidos dentro dos Fab Labs.
Márcia Maria Alves Alcântara e Adriana de Paula Lacerda Santos, ambas da Universidade Federal do Paraná, são as autoras do artigo “Avaliação Pós-Ocupação (APO) em edificações habitacionais: uma revisão sistemática da Literatura” que, como o próprio subtítulo apresenta, também se estrutura em uma revisão teórica, no entanto, neste artigo, voltada para apresenta um panorama das pesquisas de avaliação pós-ocupação realizadas em edificações habitacionais que contemplaram a participação dos usuários. O artigo parte da hipótese de que, embora a APO seja uma metodologia com uma utilização crescente, que possibilita mensurar a performance do ambiente construído, por outro lado é pouco empregada pela indústria da construção civil devido a desafios relacionados a participação dos usuários. Os resultados, apresentados com método de pesquisa preciso, apontam para um cenário ainda restrito sobre a utilização da APO, a partir do qual são realizadas recomendações para que futuras pesquisas insiram os usuários no centro do processo e avaliem os edifícios habitacionais de forma abrangente.
O terceiro artigo desta edição é intitulado “El Mercado de Santa Caterina: una arquitectura desde el lenguaje como huella”, e é de autoria de Carlos Barbera Pastor, da Universidade de Alicante – Espanha. A partir um olhar sensível, embora substancialmente analítico e detalhado, o autor apresenta uma análise a partir da perspectiva linguística do Mercado de Santa Caterina, projetado por Enric Miralles e Benedetta Tagliabue. Por meio de uma abordagem de múltiplos olhares, investiga e discute os elementos construtivos utilizados a partir de sua composição fundamental como a presença da estrutura, da cobertura, do espaço interior e das fachadas, contextualizadas por analogia funcional e construtiva com outros mercados dos séculos XIX e XX, como o mercado de Born, projetado por Miralles e Tagliabue. Tal analogia explicita uma expressão de ruptura estabelecida pela transformação desses elementos em relação aos demais mercados construídos durante a Revolução Industrial. O trabalho aprofunda uma série de abordagens que relacionam a arquitetura e sua própria expressão por meio de uma linguagem capaz de ser transmitida pela experiência arquitetônica.
Mario Fernández González e José Magín Campos Cacheda, da Universidad Politécnica de Cataluña, trazem sua contribuição intitulada “La memoria como concepto operativo de resistencia en el arte, la arquitectura y el patrimonio construído”, que consiste em uma reflexão sobre os entrelaçamentos e destaques entre os conceitos e noções de corte, vazio e luz, responsáveis, segundo os autores, por cristalizar a memória como um conceito de resistência à passagem do tempo e, assim, valorizando sua substância artística. Valendo-se de uma metodologia qualitativa, visa explorar a integração, a compreensão e a projeção da obra arquitetônica no futuro por meio da memória, em sua busca por borrar os limites da arte.
O quinto artigo da edição é trata de um tema fundamental e bastante contemporâneo, o Transtorno do Espectro Autista (TEA), a partir de uma revisão sistemática da literatura, analisando artigos e estudos publicados nos últimos 10 anos, com ênfase em ambientes residenciais, terapêuticos e educacionais. Intitulado “Diretrizes para adequação de espaços residenciais a pessoas com TEA – uma revisão da literatura”, este artigo é de autoria de Tatiana Silva de Oliveira e Claudete Barbosa Ruschival, ambas da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e busca revisar as diretrizes para a adaptação de espaços domésticos voltados para pessoas com TEA, com foco na criação de ambientes que atendam às necessidades sensoriais e comportamentais dessa população. Destaca-se a necessidade de ambientes personalizáveis, seguros e com estímulos reguláveis. Além disso, foram identificados desafios relacionados ao financiamento, à resistência cultural e à falta de participação contínua dos usuários no processo de adaptação.
Por fim, o último artigo desta edição é de autoria de Frederico Rosa Borges de Holanda, da Universidade de Brasília. Intitulado “Paradoxo bucólico: Parque das Garças, Brasília”, este artigo realiza um estudo de caso a partir do Parque das Garças, Brasília, investigando aspectos locais do parque e sua inserção na cidade a partir do atributo dos frequentadores e das atividades realizadas, captados mediante observação direta e questionários inquirindo diretamente os sujeitos. Os resultados são discutidos a partir de conceitos-chave, como o de habitus e dos capitais, de Pierre Bourdieu.
Os anos de 2023 e 2024 apresentaram diversas situações particulares que afetaram o fluxo de publicação da revista, como alteração significativa da Comissão Editorial, no ano de 2023, e as catástrofes climáticas de 2024, que impactaram diretamente o ambiente universitário e seus colaboradores. Assim, a publicação desta edição 201 marca um momento singular na ArquiteturaRevista, no qual estas dificuldades foram superadas e a ArquiteturaRevista, por meio de sua Comissão Editorial, inicia um processo de atualização paradigmático, com efeitos nas temáticas e nos processos, mas buscando manter a tradição e relevância científica do periódico. Alguns dos processos em andamento são a ampliação da Comissão Científica a fim de diversificar os temas e melhorar o fluxo de avaliações. Assim, aproveitamos esta chamada para indicar o cadastramento de pesquisadores doutores para se cadastrarem como avaliadores do periódico.
Agradecemos aos autores e, especialmente, aos pareceristas que contribuíram com a qualificação dos trabalhos desta edição.
Desejamos a todos boa leitura!
Comissão Editorial da ArquiteturaRevista
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Editores-chefes
Prof. Dr. Marcelo Arioli Heck, Unisinos
Profa. Dra. Patrícia Gheno, Unisinos
Comissão Editorial Científica
Profª. Drª. Alessandra Teribele, Unisinos
Prof. Dr. André Souza Silva, Unisinos
Prof. Dr. Julian Grub, Unisinos
Profa. Dra. Patrícia Freitas Nerbas, Unisinos