Superação da divisão rígida entre as dimensões do Ser e do Dever-ser no Direito através da ressignificação dos valores

Authors

  • Andreas Joachim Krell Universidade Federal de Alagoas - UFAL, Maceió/AL

DOI:

https://doi.org/10.4013/rechtd.2021.132.06

Abstract

 

Até hoje, prevalece entre os operadores de Direito no Brasil a ideia de uma divisão estrita entre os mundos do ser e do dever-ser; além disso, é comum a distinção entre fatos, normas e valores. Por consequência, a grande maioria diferencia entre os atos de descrever e de prescrever algo e considera as valorações efetuadas pelos aplicadores do Direito como atos subjetivos, inacessíveis ao controle racional. No entanto, vários autores da Teoria do Direito já demonstram que as ligações entre as referidas dimensões são bem mais complexas. Assim, as teorias sobre a multifuncionalidade da linguagem levaram ao abandono da divisão rígida entre fatos e valores. Neste contexto, o jus-filósofo alemão Dietmar von der Pfordten sugere a superação da tradicional dicotomia entre as categorias do ser (descrição) e dever-ser (prescrição) a partir da ressignificação dos valores na área do Direito.

Author Biography

Andreas Joachim Krell, Universidade Federal de Alagoas - UFAL, Maceió/AL

Doctor Juris pela Freie Universität Berlin (Alemanha). Professor Titular de Direito Ambiental e Constitucional da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Alagoas (FDA/UFAL), nos cursos de Graduação e Mestrado em Direito. Coordenador do Mestrado em Direito da UFAL. Professor permanente do PPGD da Faculdade de Direito do Recife (UFPE). Pesquisador bolsista do CNPq (PQ-1A). Consultor da CAPES.

References

ALBERT, H. 1979. Ethik und Meta-Ethik (1961). In: H. ALBERT; E. TOPITSCH (eds.). Werturteilsstreit. Darmstadt: WBG, p. 472-517.

ALEXY, R. 2005. Begriff und Geltung des Rechts. 4. ed. Freiburg, Alber, 215 p.

ANDERHEIDEN, M. 2002. Rechtsphilosophie jenseits des Ordinary-language-Ansatzes. In: W. BRUGGER et al. (eds.). Rechtsphilosophie im 21. Jahrhundert. Frankfurt, Suhrkamp, p. 26-49.

BOBBIO, N. 2008. Direito e poder. Trad.: Nilson Moulin. São Paulo, Unesp, 304 p.

DREIER, R. 1979. Bemerkungen zur Rechtserkenntnistheorie. In: W. KRAWIETZ et al. (eds.). Argumentation und Hermeneutik in der Jurisprudenz. Berlin, Duncker & Humblot, p. 89-105.

DREIER, R. 1981. Recht – Moral – Ideologie. Studien zur Rechtstheorie. Frankfurt, Suhrkamp, 366 p.

DWORKIN, R. 2006. Harts Postskript und das Wesen der politischen Philosophie. In: M. BECKER; R. ZIMMERLING (eds.). Politik und Recht – Politische Vierteljahresschrift (PVS), Sonderheft 36. Wiesbaden, Verlag für Sozialwissenschaften, p. 33-75.

FECHNER, E. 1970. Ideologische Elemente in positivistischen Rechtsanschauungen, dargestellt an Hans Kelsens „Reiner Rechtslehre“. In: P. SCHNEIDER (ed.). Sein und Sollen im Erfahrungsbereich des Rechts. Wiesbaden, H. Steiner, p. 199-222.

GARCÍA, A. M. 1999. A teoria dos valores de Miguel Reale: fundamento de seu tridimensionalismo jurídico. São Paulo, Saraiva, 127 p.

HASSEMER, W. 1985. Hermenéutica y Derecho. In: 1960-1985: Corrientes y problemas en Filosofia del Derecho (Anales de la Cátedra F. Suarez, n. 25). Universidad de Granada.

JOAS, H. 1999. Die Entstehung der Werte. Frankfurt, Suhrkamp, 321 p.

JONAS, H. 2006. O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Trad.: Marijane Lisboa e Luiz Montez. Rio de Janeiro, Contraponto/PUC-Rio, 354 p.

KANT, I. 1787. Kritik der reinen Vernunft. 2. ed., Königsberg. Disponível em: . Acesso em: 15/03/2018.

KAUFMANN, A. 2000. Filosofia do Direito. Trad.: António U. Cortêz. Lisboa, Fundação C. Gulbenkian, 534 p.

KELSEN, H. 1986. Teoria geral das normas. Trad.: José F. Duarte. Porto Alegre, Sergio Fabris, 509 p.

KELSEN, H. 1999. Teoria pura do Direito. Trad.: João B. Machado. 6. ed. São Paulo, Martins Fontes, 271 p.

KOCH, H.-J.; RÜßMANN, H. 1982. Juristische Begründungslehre. Eine Einführung in Grundprobleme der Rechtswissenschaft. München, C. H. Beck, 383 p.

KRAFT, V. 1979. Wertbegriffe und Werturteile (1951). In: H. ALBERT; E. TOPITSCH (eds.). Werturteilsstreit. Darmstadt, WBG, p. 44-63.

KRAWIETZ, W. 1979. Zum Paradigmenwechsel im juristischen Methodenstreit. In: W. KRAWIETZ et al. (eds.). Argumentation und Hermeneutik in der Jurisprudenz. Berlin, Duncker & Humblot, p. 113-152.

LENK, H. 1979. Kann die sprachanalytische Moralphilosophie neutral sein? (1967). In: H. ALBERT; E. TOPITSCH (eds.). Werturteilsstreit. Wiesbaden, WBG, p. 533-550.

LIMA, F. M. M. de. 2001. O resgate dos valores na interpretação constitucional: por uma hermenêutica reabilitadora do homem como “ser-moralmente-melhor”. Fortaleza, ABC, 399 p.

LOSANO, M. 2010. Sistema e estrutura no Direito. Vol. 2 – O século XX. Trad.: Luca Lamberti e Carlo Dastoli. São Paulo, Martins Fontes, 373 p.

MAIHOFER, W. 1972. Rechtstheorie als Basisdisziplin der Jurisprudenz. In: H. ALBERT; N. LUHMANN; W. MAIHOFER; O. WEINBERGER (eds.). Rechtstheorie als Grundlagenwissenschaft der Rechtswissenschaft – Jahrbuch für Rechtssoziologie und Rechtstheorie – Band II. Düsseldorf, Bertelsmann, p. 51ss.

MÜLLER, F. 2002. Juristische Methodik. Band I: Grundlagen des Öffentlichen Rechts. 8. ed. Berlin, Duncker & Humblot, 546 p.

NEUMANN, U. 2008. Recht als Struktur und Argumentation. Baden-Baden, Nomos (350 p.).

OLIVEIRA, M. A. de. 2001. Reviravolta linguístico-pragmática na filosofia contemporânea. 2. ed. São Paulo, Loyola, 427 p.

PFORDTEN, D. v. d. 1993. Deskription, Evaluation, Präskription: Trialismus und Trifunktionalismus als sprachliche Grundlage von Ethik und Recht. Berlin, Duncker & Humblot, 474 p.

PUTNAM, H. 2002. The collapse of the fact/value dichotomy and other essays. Cambridge, Harvard University Press, 208 p.

RABENHORST, E. R. 2003. A normatividade dos fatos. João Pessoa, Vieira Livros, 72 p.

RADBRUCH, G. 1979. Filosofia do Direito (1932). Trad.: L. Cabral de Moncada. 6. ed. Coimbra, Arménio Amado, 430 p.

REALE, M. 2000. Teoria do Direito e do Estado. 5. ed. São Paulo, Saraiva, 440 p.

REALE, M. 1994. Teoria tridimensional do Direito. 5. ed. São Paulo, Saraiva, 192 p.

REALE, M. 1983. Verdade e conjectura. São Paulo, Nova Fronteira, 140 p.

REICHENBACH, H. 1979. Die Suche nach ethischen Leitsätzen und der kognitiv-ethische Parallelismus (1968). In: H. ALBERT; E. TOPITSCH (eds.). Werturteilsstreit. Darmstadt, WBG, p. 455-471.

SALDANHA, N. 2003. Ordem e hermenêutica. 2. ed. Rio de Janeiro, Renovar, 318 p.

SCHRECKENBERGER, W. 1979. Über den Zugang der modernen Logik zur Rechtsdogmatik. In: O. BALLWEG; T.-M. SEIBER (eds.). Rhetorische Rechtstheorie. Freiburg, Karl Alber, p. 155-179.

STÖRIG, H. J. 1997. Kleine Weltgeschichte der Philosophie. Frankfurt, Fischer, 750 p.

SUTER, H. 1979. Wertpluralismus und Recht. Zürich, Schulthess, 115 p.

TAMMELO, I. 1971. Rechtslogik und materiale Gerechtigkeit: Beiträge zur Rechtsphilosophie und zur Theorie des Völkerrechts. Frankfurt, Athenäum, 160 p.

VALE, A. R. do. 2009. Estrutura das normas de direitos fundamentais: repensando a distinção entre regras, princípios e valores. São Paulo, Saraiva, 274 p.

VILANOVA, L. 2003. Escritos jurídicos e filosóficos – 1. São Paulo, Axis Mundi, 430 p.

WINKLER, G. 1979. Sein und sollen. In: W. KRAWIETZ et al. (eds.) Argumentation und Hermeneutik in der Jurisprudenz. Berlin, Duncker & Humblot, p. 177-193.

Published

2021-11-30