A escola: das “promessas” às “incertezas”

Autores

  • Rui Canário

Resumo

O período posterior à Segunda Guerra Mundial (os “Trinta Gloriosos”, 1945-1975) é caracterizado pelo crescimento exponencial da oferta educativa escolar, como efeito combinado do aumento da oferta (políticas públicas) e do aumento da procura (“corrida à escola”). O fenómeno da “explosão escolar” assinala um processo de democratização de acesso à escola que marca a passagem de uma escola elitista para uma escola de massas e a sua entrada num “tempo de promessas”. No início dos anos setenta, se, por um lado, o primeiro choque petrolífero marca o fim de um ciclo caracterizado pelas “ilusões do progresso” e pela tentativa de construção das “sociedades de abundância”, o diagnóstico da “crise mundial da educação”, por outro lado, vem a coincidir com a verificação da falência das promessas da escola. A investigação sociológica encarregou-se de demonstrar a inexistência, quer de uma relação de linearidade entre as oportunidades educativas e as oportunidades sociais, quer de uma relação linear entre democratização do ensino e um acréscimo de mobilidade social ascendente. O efeito conjugado da expansão dos sistemas escolares e das mutações no mundo do trabalho tende a acentuar a discrepância entre o aumento da produção de diplomas pela escola e a rarefacção de empregos correspondentes. É esta evolução, da qual decorre um processo de desvalorização dos diplomas escolares, que permite falar da passagem de um “tempo de promessas” para um “tempo de incertezas”.

Palavras-chave: escola e mudança, escola e trabalho, sentido do trabalho escolar.

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Publicado

2021-06-01

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Seção

Artigos