A corporificação do gênero textual e os sentidos polissêmicos do texto tatuado no corpo humano: cadernos ambulantes
Resumo
A questão da tatuagem enquanto fenômeno social que se insere na perspectiva do gênero do discurso ganha espaço neste estudo a partir do objetivo de analisar as configurações da tatuagem inscrita no corpo humano, entendendo este como suporte eventual do gênero, buscando identificar as impressões, os significados e os propósitos explícitos e implícitos nessas práticas. Para tanto, utilizou-se de uma pesquisa bibliográfica e de campo, sob uma abordagem qualitativa no tratamento dos dados, que foram analisados, principalmente à luz da epistemologia bakhtiniana acerca dos gêneros do discurso, além da discussão sobre a relação entre gênero e suporte textual e as noções sobre a tatuagem nos relevos do corpo humano na contemporaneidade. A pesquisa, realizada em dois estúdios de tatuagem em Teresina (PI), envolvendo cinco interlocutores, sendo dois tatuadores e três tatuados, revelou um significativo índice de recorrência da tatuagem, o que reafirma o caráter dialógico e interacionista desse gênero do discurso, e que para a transmissão de suas mensagens, explícitas ou implícitas, o sujeito tatuado – autor do próprio texto – utiliza-se do corpo como instrumento polissêmico de expressão de ideias e como suporte incidental para uma gramática epidérmica, assumindo a luta pelo enfrentamento de questões de superação de preconceitos, reconhecimento de seu valor artístico-cultural e aceitação social. Esse corpo é utilizado como instrumento do dizer, para expressar seus desejos e anseios por meio da arte. Constitui-se, desse modo, a metáfora do caderno ambulante, em que a pele é transformada em um espaço para a inscrição definitiva de signos linguísticos, por meio de símbolos carregados de valores ideológicos, que movimentam as ações no mundo, e do próprio movimento do corpo físico e material no espaço.
Palavras-chave: gêneros do discurso, tatuagem, corpos polissêmicos.
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