Diálogo entre cortes como instrumento de legitimação da Corte Interamericana de Direitos Humanos

Autores

  • Ana Maria D´Ávila Lopes Universidade de Fortaleza
  • Luis Haroldo Pereira dos Santos Junior Universidade de Fortaleza

DOI:

https://doi.org/10.4013/rechtd.2022.141.05

Resumo

Com a crescente internacionalização dos direitos humanos, vários foram os mecanismos previstos a fim de conferir-lhes materialidade e exigibilidade, entre os quais destaca-se a presença de tribunais internacionais, a exemplo da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Não obstante sua importância, a atuação deste órgão vem despertando críticas, seja na perspectiva procedimental ou substancial, pondo em questão sua legitimidade ao imiscuir-se em assuntos internos dos Estados. Nesse contexto, este trabalho, por meio de análise documental, doutrinária e jurisprudencial, objetiva analisar como o diálogo entre as cortes contribui para fortalecer a legitimidade da Corte Interamericana de Direitos Humanos, afastando as críticas em torno de sua atuação. Desse modo, verificou-se que o diálogo entre essa Corte e as cortes dos Estados, que reconhecem sua competência contenciosa, pode constituir um valioso mecanismo na busca por soluções aos problemas comuns enfrentados na região, conferindo maior legitimidade às decisões, especialmente diante do caráter impositivo e vinculante das mesmas, alcançado com a adoção do controle de convencionalidade

Biografia do Autor

Ana Maria D´Ávila Lopes, Universidade de Fortaleza

Doutora em Direito Constitucional pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professora Titular do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade de Fortaleza. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq

Luis Haroldo Pereira dos Santos Junior, Universidade de Fortaleza

Doutorando e Mestre em Estudos Estratégicos Internacionais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com bolsa CAPES. Bacharel em Direito pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR).

Referências

ABRAMOVICH, V. 2009. Das violações em massa aos padrões estruturais: novos enfoques e clássicas tensões no sistema interamericano de direitos humanos. Revista Internacional de Direitos Humanos, 6(11):6-39.

ADEODATO, J. M. 2010. A retórica constitucional: sobre tolerância, direitos humanos e outros fundamentos éticos do direito positivo. 2ª ed. São Paulo, Saraiva.

BELLAMY, R. 2015. The Democratic Legitimacy of International Human Rights Conventions: Political Constitutionalism and the European Convention on Human Rights. The European Journal of International Law, 25(4):1019-1042.

BURGORGUE-LARSEN, L. 2010. A internacionalização do diálogo dos juízes: missiva ao Sr. Bruno Genevois, presidente do conselho de estado da França. Revista Prismas, 7(1):261-304.

ÇALI, B. 2009. On Interpretativism and International Law. The European Journal of International Law, 20(3):805-822.

CANÇADO TRINDADE, A. A. 2013. Os tribunais internacionais contemporâneos. Brasília, FUNAG.

_____. 1997. Tratado de direito internacional de direitos humanos. vol. 1. Porto Alegre, Sergio Antonis Fabris.

CLAPHAM, A. 2012. Brierly’s law of nations: an introduction to the role of international law in international relations. United Kingdom, Oxford University.

COIMBRA, E. M. 2013. Sistema Interamericano de Direitos Humanos: desafios à implementação das decisões da Corte no Brasil. Revista Internacional de Direitos Humanos, 10(19):59-75.

CORREIA, T. R. 2008. Corte interamericana de direitos humanos. Curitiba, Juruá.

CORTE EDH – CORTE EUROPEIA DE DIREITOS HUMANOS. Case Rantsev vs. Cyprus and Russia, de 07 de janeiro de 2010. Disponível em https://ec.europa.eu/anti-trafficking/legislation-and-case-law-case-law/rantsev-v-cyprus-and-russia-application-no-2596504_en Acesso em: 19/11/2018.

CORTE EDH – CORTE EUROPEIA DE DIREITOS HUMANOS. Case Siliadin vs. Francia, de 26 de outubro de 2005. Disponível em: https://ec.europa.eu/anti-trafficking/legislation-and-case-law-case-law/siliadin-v-france-application-no-7331601_en Acesso em: 22/11/2018.

CORTE IDH – CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Caso Trabajadores de la Hacienda Brasil Verde vs. Brasil. Sentencia de 20 de octubre de 2016. Excepciones Preliminares, Fondo, Reparaciones y Costas. Serie C nº 318. Disponível em: http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_318_esp.pdf Acesso em: 20/04/2018.

CORTE IDH – CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Annual Report 2014. 2015. Disponível em: http://www.corteidh.or.cr/sitios/informes/docs/ENG/eng_2014.pdf Acesso em: 22/05/2018.

CORTE IDH – CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Caso Gelman vs. Uruguay. Supervisión de cumplimiento de sentencia. 20 de marzo de 2013. Disponível em: http://www.corteidh.or.cr/docs/supervisiones/gelman_20_03_13.pdf Acesso em: 20/05/2018.

CORTE IDH – CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Exposición de Motivos de la Reforma Regulamentaria. 2009. Disponível em: http://www.corteidh.or.cr/sitios/reglamento/ene_2009_motivos_esp.pdf Acesso em: 20/04/2018.

CORTE IDH – CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Caso Almonacid Arellano y otros vs. Chile. Sentencia de 26 de septiembre de 2006. Excepciones Preliminares, Fondo, Reparaciones y Costas. Serie C nº 154. Disponível em: http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_154_esp.pdf Acesso em: 20/03/2018.

DUEÑAS, C. 2013. Limites e avanços na incorporação de normas internacionais de direitos humanos no México a partir da reforma constitucional de 2011. Revista Internacional de Direitos Humanos, 10(19):39-57.

DWORKIN, R. Law’s Empire. 1986. Massachusetts, Harvard University Press.

ENGSTROM, P. 2017. Reconceitualizando o Impacto do Sistema Interamericano de Direitos Humanos. Direito e Práxis, 2(8):1250-1285.

FOLLESDAL, A. 2009. The Legitimacy Deficits of the Human Rights Judiciary: Elements and Implications of a Normative Theory. Theoretical Inquires in Law, 14:339-360.

FRANK, T. 1988. Legitimacy in the international system. The American Journal of International Rights, 82:705-759.

GRÁNDEZ CASTRO, P. P. 2015. Nota preliminar. In: L. L. GUERRA; A. SAIZ ARNAIZ (dir.) Los sistemas interamericano y europeo de protección de los derechos humanos. Lima, Palestra.

GARCIA, E. M. 2011. Nacionalismo constitucional y derecho internacional de los derechos humanos. Estudios Constitucionales, 9(2):329-376.

GONZÁLEZ-SALZBERG, D. A. 2011. A implementação das sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos na Argentina: uma análise do vaivém jurisprudencial da Corte Suprema de Justiça da Nação. Revista Internacional de Direitos Humanos, 8(15):115-133.

JARAMILLO, L. G. 2016. De la “constitucionalização” a la “convencionalização” del ordenamiento jurídico. La contribución del ius constitucionale commune. Revista Derecho del Estado, 36:131-166.

LÁZARO, M. C. L. 2010. El principio de legalidad y el control de convencionalidad de las leyes: confluencias y perspectivas en el pensamiento de la corte interamericana de derechos humanos. Boletín Mexicano de Derecho Comparado, XLIII(128):761-814.

LOPES, A. M. D; CHEHAB, I. M. V. C. 2016. Bloco de constitucionalidade e controle de convencionalidade: reforçando a proteção dos direitos humanos no Brasil. Revista Brasileira de Direito, 12:12 -94.

MAIA, M et al. (Org.). 2017. Os Estados Unidos e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos: denúncias, interações, mobilizações. Brasília, FUNAG.

MALARINO, E. 2009. Activismo judicial, punitivización y nacionalización. Tendencias antidemocraticas y antiliberales en la jurisprudencia de la Corte Interamericana de Derechos Humanos. In: D. PASTOR (Org.). El sistema penal en las sentencias recientes de los órganos interamericanos de protección de los derechos humanos. Buenos Aires, Ad-hoc, p. 21-61.

MAZZUOLI, V d. O. 2013. O controle jurisdicional da convencionalidade das leis. 3ª ed. São Paulo, Revista dos Tribunais.

NEVES, M. 2009. Transconstitucionalismo. São Paulo, WMF Martins Fontes.

OEA – ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS. 1969. Convenção Americana de Direitos Humanos. Disponível em: http://www.oas.org/dil/esp/tratados_B-32_Convencion_Americana_sobre_Derechos_Humanos.htm Acesso em: 28/05/2018.

OST, F. 2005. O tempo do direito. Tradução por Élcio Fernandes. Bauru, Edusc.

PÉREZ, A. T. 2013. The Independence of International Human Rights Courts: The Case of the Inter-American Court of Human Rights, 1-30. Disponível em: < https://law.yale.edu/system/files/documents/pdf/sela/SELA13_Torres_CV_Eng20130524.pdf> Acesso em: 20/04/2018.

PIOVESAN, F. 2006. Direitos humanos e justiça internacional: um estudo comparativo dos sistemas regionais europeu, interamericano e africano. São Paulo, Saraiva.

RAMÍREZ, S. G. 2014. La “navegación americana” de los derechos humanos: hacia un ius commune. UNAM, México D.F., p. 459-500.

RAMOS, A d. C. 2011-2012. Pluralidade das ordens jurídicas: uma nova perspectiva na relação entre o direito internacional e o direito constitucional. Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, 106/107:497-524.

REVEGGINO, B. R. 2017. El diálogo como arma? La lucha de los tribunales regionales contra la fragmentación del derecho internacional de los derechos humanos. Iuris Dictio, 20:104-118.

REY, S. 2012. Derechos humanos, soberanía estatal y legitimidad democrática de los tribunales internacionales. Tres conceptos incompatibles? Revista Derechos Humanos, 1(1):73-100.

ROIG, F. J. A. 2015. Derechos humanos y dialogo judicial entre America y Europa: ¿hacia un nuevo modelo de Derecho? Rivista di Scienze Della Comunicazione e di Argomentazione Giuridica, VII(2):3-18.

SAIZ ARNAIZ, A. (dir.) 2015. Los sistemas interamericano y europeo de protección de los derechos humanos. Lima, Palestra.

TPI EX-IUGOSLÁVIA - TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL AD-HOC PARA A EX-IUGOSLÁVIA (Câmara de Apelações) Case Prosecutor vs. Dragoljub Kunarac, Radomir Kovac and Zoran Vukovic, de 22 de fevereiro de 2001. Disponível em: http://www.icty.org/x/cases/kunarac/tjug/en/kun-tj010222e.pdf Acesso em: 07/12/2018.

TREVES, T. 2017. Aspects of Legitimacy of Decisions of International Courts and Tribunals. Sequência, 75:19-42.

VARELA, M. 2012. Internacionalização do direito: Direito internacional, globalização e complexidade. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, 606 p.

ZAGREBELSKY, G. 2008. El juez constitucional en el siglo XXI. Revista Iberoamericana de Derecho Procesal Constitucional, 10:249-268. Disponível em: http://www.corteidh.or.cr/tablas/r25297.pdf Acesso em: 09/12/2018

Downloads

Publicado

2022-10-26

Edição

Seção

Artigos