Bem-vindo ao oásis da ficção: Matrix e a cultura como banco de dados
Resumo
O artigo explora a incorporação de uma certa "lógica informática" à narrativa cinematográfica contemporânea, tomando como exemplo o filme Matrix, de Andy e Larry Wachowski. O pressuposto é que esse diálogo entre tecnologias distintas - o computador e o cinema - produz um discurso híbrido, que reconfigura, ao menos parcialmente, determinados elementos da linguagem fílmica. Tais alterações podem ser percebidas tanto no plano temático do filme (a fábula) quanto na articulação de sua narrativa (o enredo). A ênfase se dá a três características que emergem dessa interface entre o cinema e a informática: a intertextualidade, com referências, principalmente (mas não exclusivamente), a obras e gêneros da chamada cultura de massa; a discussão sobre a simulação do real, que perpassa o universo ficcional a partir da incorporação das inovações trazidas pela informática, seja no nível diegético, seja no nível das técnicas produtivas e suportes de representação; e, por último, uma determinada concepção de cultura que a vê como um enorme banco de dados informatizados, disponível aos mais diversos usos e finalidades - incluindo, obviamente, a criação de universos ficcionais cinematográficos. Se a primeira delas não é novidade, vê-se hoje, certamente, potencializada pelas duas últimas; estas, por sua vez, têm como requisito indispensável essa nova condição cultural contemporânea, definida como pós-moderna, que encontra atualmente no computador e nas tecnologias informático-digitais algumas de suas formas dominantes de representação. O que torna Matrix exemplar dessa nova condição é a íntima relação entre essas três características, as quais constituem, de acordo com a leitura apresentada aqui, a chave para a compreensão de seu fascínio perante público e crítica.Edição
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