O estilo das ilustrações jornalísticas

Resumo

Neste texto, alio as teorias do jornalismo à semiótica de Charles Sanders Peirce, buscando compreender a questão do estilo nas práticas profissionais da ilustração em jornais diários impressos. Através de sinsignos, procuro observar, por meio de entrevistas e acompanhamento das rotinas produtivas, as ocorrências que caracterizam essas práticas. A medida em que se evidenciam regras norteadoras desses fazeres, noto os legissignos. Também há que se considerar que esse tipo de trabalho trata de muitos qualissignos na sua produção e nos resultados. O estilo pode ser definido como um conjunto de procedimentos que caracterizam o trabalho de um ilustrador em determinado período de sua produção. Ao mesmo tempo, caracteriza, simbolicamente, um espaço editorial, gerando, desse ponto de vista, legissignos. Pode-se notar que os ilustradores temem ser rotulados e, concomitantemente, buscam a afirmação de um estilo particular. A versatilidade é um valor atribuído aos ilustradores pelos editores, o que se contradiz com a definição de um estilo. Como a ilustração é algo que se define no fazer cotidiano, ela tem, a cada dia, uma réplica, de algo que pode ir sempre se transformando no nível de definição geral, na ordem lógica da terceiridade. O estilo, assim como pode ser uma limitação, é a possibilidade da liberdade de expressão, quando se trata de uma conquista com os próprios meios intelectuais e operacionais. A constituição de um estilo depende de um autoconhecimento, considerando fragilidades e potencialidades, sempre havendo a possibilidade de uma superação dos limites. O estilo, nas ilustrações, pode ser percebido através dos traços ou das concepções intelectuais, inerentes à forma de desenhar. O traço tem um caráter mais sensível, na ordem da primeiridade. Para identificá-lo, é necessário perceber a ilustração como um qualissigno. A parte conceitual do estilo é expressa na relação com outros desenhos para a imprensa, referências da cultura profissional ou da história da arte.