Intelectuais conservadores, sociabilidade e práticas da imortalidade: a Academia Brasileira de Letras durante a ditadura militar (1964-1979)
Resumo
Esse artigo é parte de uma pesquisa mais ampla sobre a Academia Brasileira de Letras (ABL) e o comportamento dos “imortais” durante o regime militar (1964-1979). A questão central que guiou nossas investigações foi a de saber em que medida essa instituição oficialmente “apolítica” pôde servir como uma instância de legitimação para a ditadura. O objetivo desse artigo é pensar a política através do que chamamos de “práticas da imortalidade”. Interessa-nos saber se a “Casa de Machado de Assis”, por meio de suas atividades cotidianas, supostamente apolíticas, contribuiu de alguma forma a legitimar o regime implantado em 1964. Examinamos as cerimônias de posse, as visitas recebidas pelos acadêmicos e a forma como a memória oficial era elaborada pelos “imortais”. Os resultados das nossas análises revelam a proximidade entre a ABL e a ditadura militar evidenciada através do recrutamento dos seus membros e de suas redes de sociabilidade. Revelam também que as elites políticas, militares e culturais compartilhavam um conjunto de valores que eram lembrados e enaltecidos nos eventos da ABL: o civismo e o patriotismo; a ideia de “cultura autêntica” e de identidade nacional fundada numa língua comum e na religião cristã; e mitos como o da cordialidade do povo brasileiro e da ausência de violência na história do país. Além de ser um lugar de elaboração de um discurso conservador e um lugar onde circulavam homens e ideias conservadores, essa instituição cultural foi associada pelos “imortais” à ditadura militar e, consequentemente, a uma memória, a uma cultura e a uma identidade supostamente “nacionais”.
Palavras-chave: Ditadura militar, Academia Brasileira de Letras, intelectuais conservadores.
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