A paroquialização como fenômeno geopolítico e estratégia biopolítica no processo de formação da República no Brasil

Autores

  • Rogério Luiz De Souza Universidade Federal de Santa Catarina Departamento e Programa de Pós-Graduação em História

Resumo

O artigo tem o objetivo de compreender o processo geopolítico de constituição da República no Brasil  a partir das tecnologias do poder pastoral, disciplinar e normalizador adotadas pela Igreja católica. Referenciado metodologicamente nos estudos de Michel Foucault sobre Segurança,Território, População,  parte-se do pressuposto de que foi preciso reativar e redefinir o poder pastoral enquanto tecnologia de poder e atribuir à Igreja católica a tarefa de reorganizar a repartição espacial do território brasileiro como condição para a multiplicação dos dispositivos disciplinares na sociedade e para o controle normalizador da população e sua prevenção biossocial. São analisados documentos eclesiásticos, cartas pastorais, anuários e recenseamentos estatísticos e chega-se à conclusão de que, mais do que a criação de dioceses, a proliferação de paróquias constituiu-se como a mais eficaz maquinaria geopolítica dos primeiros tempos da República. A constituição destes territórios não dependia apenas da vontade da alta hierarquia eclesiástica, mas estava inserida na própria dinâmica do sistema político oligárquico da República que exigia amplas consultas às lideranças leigas locais e regionais.

Biografia do Autor

Rogério Luiz De Souza, Universidade Federal de Santa Catarina Departamento e Programa de Pós-Graduação em História

É Professor Titular do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Professor Colaborador e Visitante do Programa de Doutorado em Estudos Globais da Universidade Aberta de Lisboa (UAb). Atua como Pesquisador Internacional no Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Universidade de Lisboa (CLEPUL/UL) e coordena o Laboratório de Religiosidade e Cultura (LARC/UFSC). Foi Pesquisador Visitante no Centre dEtudes Interdisciplinaires des Faits Religieux (CEIFR), Paris, França. Dirigiu a Associação Nacional de História - seção Santa Catarina (ANPUH/SC). Na UFSC, foi Pró-Reitor de Graduação, Presidente da comissão de criação do Campus da UFSC em Blumenau, Presidente da Câmara de Graduação, Vice-Diretor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Chefe de Departamento e Coordenador de Curso de Graduação. Participou da missão de avaliação dos Cursos de Ensino Superior das Universidades Públicas do Meio-Oeste dos Estados Unidos da América. Em parceria com a Aliança Francesa (AF), organizou o ciclo de conferências CaféPhilo: debate de ideias em torno dos pensadores franceses. Tem experiência de pesquisa, ensino e extensão nas áreas das Teorias da Religião, do Discurso e do Poder, da História da Economia Política e da Educação confessional, com ênfase nos estudos do Sistema de Crenças, das relações de imbricação ou de confronto entre os campos político, educacional, econômico e religioso, da ética econômica e social, da biopolítica, dos discursos e dos dispositivos de controle religioso dos corpos para o trabalho, o consumo e a reprodução da vida, dos espaços escolares confessionais e da normalização de sujeitos, da governamentalidade pela via religiosa e do controle de populações, da economia humanista e do pensamento ético-religioso, da militância e da formação religiosa da intelectualidade contemporânea, das sociabilidades católicas e da cultura política brasileira, da diversidade religiosa e das virtualidades heréticas, da emancipação de sujeitos religiosos criminalizados e subjugados e dos movimentos sociais e dos partidos políticos na interface com a religião e as práticas religiosas.

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Publicado

2020-01-31

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Artigos