TICs, Raça, Mulheres e Territórios

o podcast Ondas da Resistência como ocupação das plataformas digitais em uma perspectiva interseccional

Autores

  • Tâmara Caroline Almeida Terso UFBA
  • Paulo Victor Melo Universidade da Beira Interior
  • Maryellen Crisóstomo

Resumo

O presente artigo busca analisar o podcast Ondas da Resistência, um programa com duas temporadas, produzido por mulheres negras, de Povos e Comunidades Tradicionais, frente à violação de diretos dos seus territórios por crimes socioambientais e pela pandemia de Covid-19, nos anos de 2020 e 2021. Este podcast é aqui reconhecido como uma iniciativa de comunicação comunitária, que identifica sua condição de produção em contextos de negação de direitos oriundos da interação do racismo, sexismo e consequências dos projetos de desenvolvimento predatório nos territórios, em uma mirada interseccional (Crenshaw, 2002; Akotirene, 2019) e elaborada no bojo das estratégias de reivindicação do direito ao território e à comunicação. A experiência vivida pelas mulheres negras, indígenas e tradicionais em seus territórios orientaram a concepção, produção e distribuição dos conteúdos de áudio. Princípios como o matricomunitário (Ribeiro, 2020), biointeração (Bispo, 2015), tecnologias ancestrais e territórios como espaço do vivido (Santos, 2001) foram acionados para construir alianças e planejar a ocupação das plataformas digitais, visando a constituição/retomada de territorialidades digitais (Bargas, 2018). Reconhecendo os limites dos modelos de negócio e infraestruturas das plataformas (Van Djick, 2013; Ejik et al., 2015; DeGryse2016; Intervozes, 2018), o Ondas da Resistência agiu nas fronteiras para construir alternativas de combate ao racismo e sexismo nos entrecruzamentos dos territórios digitais e ancestrais.

Biografia do Autor

Paulo Victor Melo, Universidade da Beira Interior

Doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela UFBA, mestre em Comunicação e Sociedade pela UFS, jornalista. Colaborador do Centro de Comunicação, Democracia e Cidadania da UFBA

Maryellen Crisóstomo

Quilombola do território Baião, Almas-TO. Jornalista graduada pela Universidade Federal do Tocantins. Assessora de Comunicação da Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) e da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ).

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Publicado

2022-04-19

Edição

Seção

Dossiê