“Aukê/Aukeré era Mehin, que virou Cupen”: O olhar do indígena sobre (O outro) o homem branco em diferentes práticas discursivas

Autores

  • Camille Cardoso Miranda Instituto de Estudos da Linguagem - Universidade Estadual de Campinas (IEL-UNICAMP). Doutoranda em Linguística.
  • Fátima Cristina Pessoa Universidade Federal do Pará - UFPA

Resumo

O contato entre os indígenas e os não indígenas (“brancos”) configura-se em uma relação não amistosa em quase todas as comunidades indígenas existentes no Brasil, o qual trouxe consequências devastadoras, e a figuração do indígena na história desse país foi/é retratada a partir de um olhar exterior e eurocêntrico, construindo uma imagem estereotipada sobre os povos indígenas que habitam este país. Em muitas mídias, o índio sempre foi/é descrito a partir do olhar do não indígena, porém, pouco se reflete sobre o olhar do indígena acerca deste Outro. O presente artigo tem como proposta fazer uma leitura, em perspectiva discursiva, sobre a visão que os indígenas têm sobre o homem branco, um ser que é totalmente estranho, designado como o Outro, o diferente. Para estabelecer essa reflexão, o trabalho tem por objeto as narrativas que explicam a origem e o contato com o homem branco para dois distintos povos: Timbira (Aukê/ Aukeré) e Ikpeng (“Pïrínop meu primeiro contato”). O estudo apoia-se principalmente no referencial teórico proposto por Michel Foucault e em suas contribuições sobre regularidade, formação discursiva, prática discursiva e relações de saber e de poder, buscando reconhecer e compreender, nas condições de exercício da função enunciativa que sustenta o acontecimento discursivo das narrativas indígenas sobre as relações interétnicas, as regularidades – bem como as singularidades – enunciativas que fundam práticas discursivas sobre as relações de alteridade. Portanto, espera-se que este trabalho possa reafirmar a importância das tradições culturais e das línguas indígenas existentes no Brasil, ao favorecer espaços de circulação de saberes desqualificados pela hierarquia dos saberes, mas cuja força de insurreição deve-se continuamente ampliar, sobretudo em um contexto histórico em que predomina a dominação colonialista sobre negros, indígenas, estrangeiros, etc.

Palavras-chave: prática discursiva, alteridade, Timbira/Ikpeng, não indígenas.

Biografia do Autor

Camille Cardoso Miranda, Instituto de Estudos da Linguagem - Universidade Estadual de Campinas (IEL-UNICAMP). Doutoranda em Linguística.

Possui Mestrado em Estudos Linguísticos pelo programa de pós graduação em Letras da Universidade Federal do Pará, Instituto de Letras e Comunicação (PPGL/ILC/UFPA). Doutoranda em Linguística, na subárea de Línguas Indígenas da Universidade Estadual de Campinas, no Instituo de Estudos da Linguagem (Unicamp-Iel).

Fátima Cristina Pessoa, Universidade Federal do Pará - UFPA

Docente do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Pará (UFPA). Doutorado em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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Publicado

2018-10-26

Como Citar

Miranda, C. C., & Pessoa, F. C. (2018). “Aukê/Aukeré era Mehin, que virou Cupen”: O olhar do indígena sobre (O outro) o homem branco em diferentes práticas discursivas. Calidoscópio, 16(2), 261–272. Recuperado de https://www.revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/cld.2018.162.08

Edição

Seção

Artigos