A condução neofascista da pandemia de Covid-19 no Brasil: da purificação da vida à normalização da morte

Autores

DOI:

https://doi.org/10.4013/cld.2021.191.01

Resumo

O objetivo deste artigo é sustentar o argumento de que a força do negacionismo científico e a normalização da morte na condução da pandemia da Covid-19 no Brasil foram possíveis na medida em que, nos últimos anos, foi atribuído ao presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, por interesses e agentes sociais diversos, o papel de liderança e autoridade responsável pela purificação da política, da economia e da nação. É por conseguir se firmar nesse polo da purificação e de restabelecimento de um regime de verdade supostamente perdido que sua estratégia de “fazer viver e deixar morrer” encontrou apoio ativo ou passivo em parte expressiva da sociedade brasileira. A pesquisa abarca produções textuais diversas e pronunciamentos oficiais e informais dos agentes sociais em questão. Para analisá-los, foram mobilizadas teorias sociais, especialmente da sociologia, no intuito de identificar os agentes, as ideologias e os registros discursivos que produzem significados sobre a vida e a morte. Como resultado, é possível afirmar que o objetivo do governo de fazer o vírus circular, traçado como meta implícita e explícita desde o início da pandemia, exigiu uma normalização de mortes evitáveis que apenas a linguagem neofascista, capaz de produzir um sentido alternativo de vida mais autêntica e pura, pôde lograr até aqui. 

Palavras-chave: Neofascismo; Covid-19; Governo Bolsonaro. 

Biografia do Autor

Sávio Machado Cavalcante, Universidade Estadual de Campinas

Doutor em Sociologia (IFCH/Unicamp). Professor do Departamento de Sociologia, pesquisador do Centro de Estudos Marxistas (CEMARX) e do Centro de Sociologia Contemporânea (CSC), todos do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas. 

Downloads

Publicado

2021-07-23

Como Citar

Machado Cavalcante, S. . (2021). A condução neofascista da pandemia de Covid-19 no Brasil: da purificação da vida à normalização da morte. Calidoscópio, 19(1), 4–17. https://doi.org/10.4013/cld.2021.191.01

Edição

Seção

Artigos