O objetivo deste trabalho é analisar, segundo os pressupostos teóricos da Análise do Discurso de matriz francesa, os discursos produzidos acerca do amor em uma revista de circulação nacional, tentando compreender em que medida os autores desta seção assumem, ou não, os princípios de autoria e argumentação, investigando as marcas de heterogeneidade presentes nos discursos. Analisou-se quatro artigos publicados na coluna Amor, da revista Caras®. Em alguns recortes analisados, os autores, a partir de suas práticas como psicoterapeutas, mesclam seus posicionamentos pessoais com a experiência de seus pacientes. Em outros casos, relatam apenas as vivências de pacientes, distanciando-se das mesmas. Isso nos remete à discussão sobre a assunção da autoria nos profissionais da área psi, que não apenas devem trabalhar com questões do psiquismo humano, mas devem abrir-se à possibilidade de se colocarem como co-produtores de discursos e saberes, a partir do diálogo com o outro/Outro. Assim, a autoria, além de exigir que o sujeito se responsabilize pelo seu dizer, reclama do autor um trabalho com a heterogeneidade constitutiva da linguagem, uma vez que cabe à função-autor controlar a produção de sentidos das vozes que dialogam nos textos, criando a ilusão de unidade textual.
The objective of this paper is to analyze, in context that the womb of French ‘approach’ Discourse Analysis, the discourses about love produced by a national magazine, trying to understand in which measure the authors of this section assume, or not, the principles of authorship and argumentation. Therefore, our intention is to investigate the discursive heterogeneity. Four articles, published in the “Love” section, at Caras®’ magazine, have been analyzed. In some sections, the authors start to mix their personal opinions with their patients’ experiences, based in the practice as psychotherapist. In other cases, they only report their patients’ experiences, keeping a distance from their patients. That reminds us of the discussion about the authorship of the psychological area, which not only must deal with human psychic issues, but must also open themselves to the possibility of placing themselves as co-producers of discourses and knowledge, starting from the dialogue with the other/Other. Thus, the authorship demands of the author a work with the heterogeneity constitutive on the language, as soon as the control of sense and the voices in the texts is function of the author, creating with that control the illusion of textual unity, more than to allow the subject to be answerable for their sayings.
Introdução
Não posso matar o meu texto com a arma do outro. Vou é minar a arma do outro, com todos os elementos possíveis do meu texto.
Manuel Rui. Cinco vezes onze
O objetivo deste trabalho é analisar os discursos produzidos acerca do amor na coluna homônima da revista Caras®, tentando compreender em que medida os autores desta seção assumem, ou não, os princípios de autoria e argumentação e, de que maneira a função-autor trabalha a heterogeneidade e o dialogismo presentes na constituição dos sentidos.
O corpus de análise é constituído por quatro artigos publicados na coluna Amor, da revista Caras®3. Esses artigos foram escritos por quatro autores diferentes, a saber: Alberto Lima4, Rosa Avello5, Paulo Sternick6 e Joaquim Zailton Motta7.
Como se trata de um material de domínio público (acessado via internet), os aspectos éticos já foram devidamente contemplados, sendo que a análise deste material não requer a autorização explícita dos autores. A análise será feita a partir do referencial teórico da Análise do Discurso de filiação francesa, mobilizando os conceitos de autoria, argumentação e heterogeneidade.
A análise do discurso de “linha francesa” e os trabalhos de Bakhtin
Ao analisarmos um texto, uma frase ou qualquer tipo de produção, temos que elucidar os contextos em que ela foi dita/escrita e suas condições de produção. Considerando as condições de produção (Pêcheux, 1995) temos que, junto com o contexto de enunciação existe um contexto social mais amplo, no qual o sujeito do discurso é historicamente determinado. Isso destrói a crença de um sentido único e admite a existência de efeitos de sentido.
Com a da Análise do Discurso de ‘linha francesa’(AD), pudemos avançar nas questões sobre o sentido e procurar compreendê-lo em sua construção com o sujeito, pois em concordância com a AD, partimos do pressuposto de que sujeito e sentido se constroem junto com o texto, em determinado contexto sócio-histórico. Por contexto sócio-histórico entendemos o contexto em sentido amplo, isto é, as relações ideológicas, as oposições, as lutas de classe que perpassam a construção do discurso e fazem com que o sujeito ocupe determinadas posições para produzir seu discurso, criando, assim, os efeitos de sentido.
A AD entende que a língua, usada como materialidade dos discursos, e o contexto sócio-histórico não são neutros e o analista, ao considerá-los, pode compreender o processo de construção do sentido do discurso. Assim, apesar de a língua funcionar como base comum de processos discursivos (Pêcheux, 1995), os sentidos não estão prontos, mas são, antes, construídos em cada texto; então, é correto pensar que nas atividades de produção e interpretação de textos seja permitido ao sujeito investigar, produzir e interpretar os sentidos que circulam ali.
A Análise do Discurso é uma disciplina indiciária, que se aproxima de uma concepção de sujeito essencialmente dividido. Por ser assim, a condição da linguagem e do próprio sujeito é a incompletude ou, em outras palavras, sujeitos e sentidos não estão completos, prontos, acabados, mas funcionam discursivamente em uma relação permanentemente constituída pela falta de poder dizer tudo. E é pelo fato de que tudo não pode ser dito que se abre espaço para a significação, para a constituição do sujeito e para a interpretação.
Entretanto, sabemos que a interpretação é uma questão ideológica, vinculada à ideologia das instituições dominantes; logo, a interpretação deixa de ser “um ato de vontade própria” e continua ligada a uma classe que controla os sentidos que podem e devem ser lidos. De acordo com Orlandi (1996a, p.64): “Interpretar é compreender, ou seja, explicitar o modo como o um objeto simbólico produz sentidos, o que resulta em saber que o sentido sempre pode ser outro”.
Para a AD, o objeto de estudo não é a língua, nem a linguagem, mas sim, o próprio discurso, compreendido em seu funcionamento. Disso decorre que para a AD, a relação da língua com a exterioridade é entendida como constitutiva e não como uma fortuita relação interdisciplinar, uma vez que a Análise do Discurso investiga como a ideologia intervém, através da língua, na sociedade e na história, determinando a construção dos sentidos dos discursos. De acordo com Orlandi (1996a, p.14):
Em nossa perspectiva, qualquer modificação na materialidade do texto corresponde a diferentes gestos de interpretação, compromisso com diferentes posições do sujeito, com diferentes formações discursivas, distintos recortes de memória, distintas relações com a exterioridade. Este é um aspecto crucial: a ligação da materialidade do texto e sua exterioridade (memória).
Para a teoria discursiva, a noção de sujeito não é nem o sujeito gramatical, nem o sujeito psicológico, isto é, a AD não concebe o sujeito tal como o faz a psicologia, ou seja, coincidente consigo mesmo (indivíduos empíricos), pois para o analista do discurso o que há são posições sujeito, quer dizer, o sujeito pode ocupar várias posições (lugares sociais: patrões, funcionários, professores, alunos, juízes, etc) e a partir delas é que vai produzir seu discurso. Estas posições são representações imaginárias, e são, portanto, inconscientes, determinadas pela estrutura socioeconômica, e também, ideológica, que faz parecer natural o sujeito produzir “seu” discurso daquela maneira e não de outra, “e este mecanismo leva os sujeitos, interpelados pela ideologia, a acreditarem, por exemplo, que “falar errado é próprio das classes trabalhadoras”, e também os leva a agir como se esse efeito ideológico fosse algo inevitável.
As formações ideológicas sustentam as formações discursivas, as quais determinam o que pode e deve ser dito, em determinado contexto sócio-histórico. As formações discursivas não são homogêneas, posto que não há uma barreira separando os discursos. De acordo com Pêcheux (1993), uma formação discursiva sempre é “invadida” por sentidos que vêm de outras formações discursivas.
Neste mesmo sentido, para Bakhtin, filólogo soviético que revolucionou os estudos da Lingüística e que também influenciou a Análise do Discurso, a verdadeira substância da língua é o ato dialógico em seu acontecimento concreto, sendo que qualquer diálogo além de ser ele próprio histórico e socialmente determinado, evidencia uma outra história: a história da própria linguagem. A língua seria o produto do trabalho coletivo e ininterrupto de sujeitos socialmente organizados, cujo processo instaura a construção, também coletiva, de conhecimentos e saberes sobre o mundo. Bakhtin (1985; 1999) concebe a realidade como em constante transformação, utilizando a dialética em sua sustentação teórica. Esta dialética seria de caráter dialógico e extremamente vinculada a uma história e a uma interação social. De acordo com as proposições bakhtinianas, a alteridade marcaria o ser humano, pois o outro e o contexto específico são imprescindíveis para a sua constituição. Nesta vertente, o dialogismo seria o confronto das entoações e dos sistemas de valores que possibilitam as mais variadas visões de mundo acerca de um tópico específico. O ser humano seria considerado um intertexto, não existindo isoladamente, já que a sua vida se tece, intercruza-se e se interpenetra com a experiência do outro. As palavras de um falante estão sempre e inevitavelmente atravessadas pelas palavras do outro: o discurso elaborado pelo falante se constitui também do discurso do outro que o atravessa, condicionando o discurso do eu.
Bakhtin (1985) destaca a centralidade da linguagem na vida social do homem. Segundo ele, a palavra é o material da linguagem interior e da consciência, além de ser elemento privilegiado da comunicação na vida cotidiana, que acompanha toda criação ideológica, estando presente em todos os atos de compreensão e de interpretação. Para este autor (1999), a palavra tem sempre um sentido ideológico ou vivencial, relaciona-se totalmente com o contexto e carrega um conjunto de significados que socialmente foram dados a ela. A palavra é também polissêmica e plural, uma presença viva da história, por conter todos os fios ideológicos que a tecem. O produto do ato da fala, a enunciação, é de natureza social, sendo determinada pela situação mais imediata ou pelo meio social mais amplo. As palavras refletem, não de forma mecânica, os conflitos e apontam as marcas ideológicas distintas de cada sujeito em interação. A palavra, em sua condição de signo, é adquirida no meio social e, interiorizada pelo sujeito, retorna ao meio social por meio do processo de interação, numa forma diferenciada, ou seja, ela é dialeticamente alterada devido às colorações ideológicas que marcam as condições de produção (Bakhtin, 1999).
Segundo Bakhtin (1985), a palavra do outro e a palavra minha (impregnada pela expressividade do sujeito) possuem uma expressividade que não pertence à própria palavra, mas que nasce no contato entre a palavra e a realidade efetiva, nas circunstâncias de uma situação real, que se atualiza através de um enunciado individual. Assim, conforme o autor, a palavra pode se apresentar como um “aglomerado de enunciados” (1999). Estes enunciados estarão se organizando e se reorganizando de acordo com a época, o meio social, a família e a sociedade na qual o sujeito está inserido. Toda fala está ligada intimamente ao receptor dessa fala, aos outros que também constituem este sujeito, na dialética da vida humana. Estes outros, para os quais o pensamento do sujeito se torna real, não são ouvintes passivos, mas participantes ativos da comunicação verbal, já que toda enunciação é elaborada para provocar a interação verbal.
Para nós, aquilo que Bakhtin considera um “aglomerado de enunciados” será concebido por Pêcheux (1995) como interdiscurso, isto é, todo discurso só é possível porque há “algo que fala” sempre antes, que diz respeito à constituição histórica dos sentidos. Partindo dos conceitos de dialogismo e de interdiscurso, Authier-Revuz apresenta o conceito de heterogeneidade discursiva (Authier-Revuz, 1892; 1990), que sustenta a construção dos discursos marcada sempre por uma outra voz que não somente a do enunciador.
De acordo com Laureano (2008, p.113), “para Authier-Revuz, apesar de Bakhtin considerar o discurso como heterogêneo, o autor por outro lado não vai contemplar os papéis que desempenham o inconsciente e nem a língua (como sistema de diferenças e lugar do equívoco) nessa heterogeneidade”.
Investigando os princípios de autoria, interpretação e argumentação
O que nos leva a interpretar desta ou daquela maneira é a ideologia. Para Pacífico (2002), a interpretação pode ser entendida como a possibilidade de o sujeito compreender que o sentido pode ser outro, mas não qualquer um, pois existe uma superfície lingüística que tenta controlar os pontos de fuga, os sentidos que não devem aparecer, mas que aparecem como indícios para aqueles que compreendem o funcionamento discursivo, que compreendem que interpretar não é repetir o que está dito, mas sim, estabelecer uma relação entre o dito e a memória do dizer (interdiscurso). Deste modo, interpretar é compreender que a ideologia faz parecer natural determinados sentidos e não outros e estranhar, investigar, refletir sobre tudo isso.
Ainda segundo Pacífico (2002), há uma estreita relação entre interpretação, argumentação e autoria, que é o ponto chave para a compreensão do processo de construção do texto argumentativo e do princípio de autoria. Podemos considerar que a autoria leva à necessidade de que o sujeito historicize os sentidos, controle os pontos de fuga dos mesmos e assuma a responsabilidade pelo dizer. Dessa forma, a autoria funciona como condição necessária para a produção do texto argumentativo; portanto, o sujeito que conseguir construir um texto argumentativo atendendo às exigências desse tipo de produção textual, assumirá a posição de autor. Em relação à interpretação, para que a mesma ocorra é necessário considerar o processo sócio-histórico da construção dos sentidos.
Orlandi (1996a) propõe, “para o uso corrente”, a noção de autor como uma função enunciativa do sujeito, diferente da de enunciador e da de locutor. Tal função-autor remete a um produtor que busca unidade, coerência, progressão, não-contradição e fim. O autor tem responsabilidade social e, embora trabalhe sempre com a repetição, faz dela muito mais que “mero exercício mnemônico”, produz um lugar de interpretação.
Com base no exposto, queremos marcar que, para nós, em conformidade com a AD, o autor é uma posição discursiva, que o sujeito pode ocupar, ou não, ao construir seu discurso. Por outro lado, como estamos dialogando, também, com Bakhtin, consideramos pertinente explicitar que não nos baseamos, no presente artigo, no conceito bakhtiniano de autor, posto que, para o teórico soviético, o autor dá o tom a seu personagem, o autor constrói uma visão criativa do seu herói. Bakhtin (1985, p.164) define o autor “como participante del acontecimento artístico.”
Análise discursiva dos dados: a assunção da autoria nos discursos da coluna Amor
Na coluna Amor, assinada por Joaquim Zailton Motta, vemos um movimento bastante interesse em relação à autoria. Ele relata, neste artigo, a diferença existente entre homens e mulheres no que se refere ao modo de agir e de encarar o enlace amoroso, partindo da diferença natural entre os gêneros. No recorte 1, podemos observar que o sujeito cria um distanciamento entre sua posição de analista com o objeto que está sendo analisado ao usar “homens e mulheres”, “os dois sexos”, “marcianos e venusianas”, ou seja, “eles”, não “eu”.
Por outro lado, podemos interpretar que estes usos genéricos criam um efeito de sentido de um sujeito universalizante, o que é confirmado pelo fato de a análise recorrer à diferença de gênero para explicar o comportamento dos sujeitos, como se todos os homens e mulheres fossem iguais e o que garante isso é pertencer a determinado sexo. Os sentidos dominantes, dados pelas ciências naturais, pela biologia, sustentam essa produção textual e, com isso, apaga-se a subjetividade de cada um, uma vez que o sentido dominante sobre ser homem ou mulher é baseado na anatomia, na fisiologia, como se isso pudesse explicar os relacionamentos e colocá-los em uma fôrma.
De acordo com Chiaretti (2008, p.75), “há por trás de toda a boa vontade de orientar mulheres e famílias, “todas estas lições de amor e sexo (Costa, 1989, p.17), uma motivação maior, ideológica”. Observamos que o autor não estranha esse efeito ideológico de evidência de tais sentidos e repete-os na construção de seu dizer, usando inclusive, os significantes “evidente” e “claro” como se a linguagem fosse transparente e os sentidos só pudessem ser esses. Vejamos:
Recorte 1:
Homens e mulheres precisam tratar de superar a sua deficiência amorosa. Os dois sexos sempre viveram uma relação de amor e guerra. As diferenças ficam evidentes, claro, quando se propõem a formar uma união estável. Homens e mulheres precisam se conscientizar de que sofrem de uma espécie de deficiência amorosa. Se cada um souber aproveitar as melhores características do outro, com certeza será possível reconstruir a relação em bases mais felizes.
Homens e mulheres envolvem-se de muitas maneiras. (...) os dois sexos vão seguindo suas relações de amor e guerra. Às vezes, parecem marcianos e venusianas; em outras ocasiões, definem-se como almas gêmeas. Entretanto, quando se relacionam para estabelecer de fato um elo sentimental, as diferenças dos sexos são realçadas e as semelhanças, esmaecidas.
Podemos retomar a tradição psicanalítica que atesta que o psicoterapeuta deve manter certo distanciamento, a partir do qual ele possa analisar sem se colocar na questão, mantendo o critério não apenas ético, mas possibilitador de uma análise mais segura e menos contaminada pelos diversos vieses existentes no fazer da ciência. Por ser assim, a assunção da autoria deve retomar este questionamento, uma vez que assumir certos posicionamentos depende dos papéis já ocupados pelo sujeito – psicanalista, psicoterapeuta, médico, sociólogo, cientista, entre outros – o que está relacionado às várias formações discursivas às quais o sujeito teve acesso, ou não. Haveria restrições para a assunção da autoria a depender desses posicionamentos e papéis? Infelizmente, na literatura, poucos trabalhos abordam a questão deste prisma. Finalizando a análise deste primeiro artigo, trazemos o seguinte recorte:
Recorte 2:
Mestres do amor são os portadores de deficiências. Eles conseguem amar de modo exemplar com seu corpo incompleto, mutilado. Homem e mulher precisam encarar sua real condição: são portadores de uma deficiência amorosa. Devem tratar de superá-la.
Novamente, o uso de “homens” e “mulheres” retorna, indiciando que é um sentido dominante que captura o autor, o qual recorre à paráfrase, uma vez que, para a AD, a repetição de um sentido deve ser interpretada como algo que marca uma formação discursiva dominante; logo, deve ser repetido, pois é o sentido legitimado pelas instituições sociais, é o sentido que pode e deve ser dito em determinado contexto sócio-histórico.
Também nos chama a atenção o uso do significante “deficiência”, que cria efeitos de sentido de algo que falta, que a sociedade tem dificuldade para aceitar e saber lidar com, de algo que foge ao controle do sujeito. Sabemos que existe preconceito social em relação às deficiências, de modo geral, e neste recorte, o autor tenta mobilizar essa região de sentidos e o faz de modo vago, pois não explica o que é e como é tal deficiência, tampouco como seria possível superá-la. Podemos interpretar que, ao migrar para essa região de sentidos, que para muitos deve ser evitada, o sujeito-autor não consegue sustentar seu dizer nessa região opaca, nebulosa e, por isso, coloca um ponto final e não explora o assunto, não se vale de argumentos coerentes e convincentes para discursivizar a “deficiência”.
O segundo artigo analisado é da autoria de Paulo Sternick e trata das pessoas que se separaram há algum tempo e que não construíram outros relacionamentos. O autor aborda a dificuldade que as pessoas possuem de estabelecer novos vínculos, acompanhando um modelo de nossa sociedade que privilegia e contribui para o estabelecimento de relações cada vez mais frágeis e que acarretam pessoas cada vez mais sedentas de alguém, carentes e, ao mesmo tempo, com dificuldades de estar com alguém. Não podemos silenciar que esse também é um sentido dominante em nossa sociedade, mas não é o único; porém, o autor apagou as outras possibilidades de escrever sobre o tema, naturalizando, com o silenciamento de outros sentidos, a dificuldade de se estabelecer uma nova união entre homens e mulheres após um relacionamento desfeito.
Como apresentado no recorte 3, o autor relata a sua experiência clínica, atendendo pessoas com a demanda destacada acima. Além disso, traz exemplos de situações narradas por amigos e conhecidos, o que mais se parece com uma conversa informal do que com um dizer de um terapeuta em situação de análise, como podemos observar a seguir.
Recorte 3:
Algumas pessoas a que atendo, além de outras que conheço — e que desmancharam namoros ou casamentos ou estão sozinhas há tempos —, me relatam uma queixa comum: não está fácil encontrar alguém para manter uma união consistente. (...) Mas nem pensar que elas ficam sozinhas!
Ao contrário, em nossa cultura do espetáculo e do entretenimento, não faltam lugares para se exibir e encontrar outras pessoas disponíveis — e carentes, pois sofrem do mesmo mal, não conseguindo se ligar afetivamente a ninguém. O resultado é a febre que o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (82) denomina de “amores líquidos”, caracterizados por vínculos frágeis, passageiros, sem maior envolvimento afetivo.
Segundo Authier-Revuz (1982, p.103-104), “ le sens d’um texte n’est donc jamais arrêtê, puisqu’il se produit dans les situations dialogiques illimitêes que constitent ses lectures possibles: on pense évidemment à la “lecture plurielle””. Concordamos com a autora e, como os sentidos não param, não são sempre os mesmos, entendemos que isso é possível, além de outros fatores, pelo dialogismo presente entre enunciador e enunciatário, assim como entre seu enunciado e os outros enunciados (“amores líquidos”) que vão construindo o artigo, com as marcas da heterogeneidade.
O fato de o autor ser um sujeito profissional da área da Psicologia (tendo que respeitar uma série de questões éticas e de referenciais teóricos, como os abordados pela teoria psicanalítica) não o impede de assumir a autoria, colocando-se no enunciado, ao usar os verbos na primeira pessoa, marca lingüística que cria um efeito de sentido de proximidade entre o enunciador e o objeto discursivo, efeito esse muito criticado em textos científicos, pois constrói sentidos de subjetividade e não de objetividade como a ciência reclama. Isso pode ser observado no recorte que se segue, no qual o autor dialoga com o leitor dando exemplos baseados “nas decepções e sofrimentos, bem como as de nossos pais ou parentes”.
Recorte 4:
Afinal, não nos sentimos fantásticos e arrogantes com tudo que estamos conseguindo nesta era globalizada, inclusive amores em cada capital, bairro ou boate, ao vivo ou via internet? Diante de tantas opções e beldades — e as pessoas hoje estão mais bonitas mesmo! —, como não se lembrar das amargas histórias dos amigos que terminaram o casamento jurando nunca mais se unir de novo, triunfantes em seu novo solteirismo; ou das próprias decepções e sofrimentos, bem como as de nossos pais ou parentes?
Bakhtin (in Brait, 1994) observou que falante e ouvinte selecionam as palavras para o discurso de acordo com um julgamento de valor fundamentado no sentido que as palavras ganharam no contexto de vida dos interlocutores, no uso cotidiano onde são empregadas e não no sentido do dicionário. Essa seleção de palavras nos leva a pensar naquilo que mais tarde Pêcheux (1995) chamou de estratégias discursivas. O que se pode observar é que este movimento do sujeito, de colocar-se como sujeito-enunciador, cria o efeito de sentido de que o sujeito saiu da posição de analista (a qual deveria ser marcada pelo distanciamento) e passou a ocupar outra posição discursiva, a de um sujeito envolvido em uma relação amorosa, ou seja, o sujeito passa a falar de si, não do outro. Essa migração mostra que o sujeito é cindido, heterogêneo, multifacetado, que pode mudar de posição discursiva a qualquer momento, e isso pode, ou não, afetar o princípio de autoria. O que pode ser analisado é que, se essa migração de posição discursiva ocorrer de modo desorganizado, isso afetará a construção dos sentidos, uma vez que, nesse jogo de posições, o autor ora se mantém à margem do objeto discursivo, como se fosse um espectador, não tomando partido, ora assume o ponto de vista daquele que está envolvido na situação amorosa, o que pode quebrar a coerência da construção textual, pois estará colocando em jogo diferentes posições discursivas, as quais são sustentadas por diferentes formações ideológicas; logo, diferentes formações discursivas.
Por outro lado, podemos interpretar essa migração como fazendo parte da estratégia discursiva, isto é, pelo fato de o autor escrever para um leitor de uma revista, o uso da primeira pessoa pode criar um efeito de sentido de cumplicidade, de simetria entre os interlocutores, o que pode prender o leitor, tornando-o um leitor cada vez mais assíduo, já que este tem um interlocutor que o compreende, “que fala a mesma língua”. Não podemos nos esquecer de que esse é o objetivo da revista, ou seja, vender cada vez mais.
No recorte 5, analisado a seguir, o autor evoca o poema de Carlos Drummond de Andrade que afirma ser o amor um sentimento que traz tristeza a quem o sente. Ao referir-se aos versos drummondianos, o autor deixa emergir sua subjetividade, trazendo uma abordagem extremamente pessoal – ele afirma: o amor não é triste. Temos uma possibilidade de o autor, o pesquisador, o psicólogo, o terapeuta discursivizar sobre seus sentimentos e não somente analisá-los. Isso está marcado com o uso de “garanto”, pois além de trazer um verbo na primeira pessoa do singular, constrói um sentido de responsabilidade pelo dizer, de certeza, de garantia.
Recorte 5:
“Carlos, sossegue” — diria o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) —, “o amor/ é isso que você está vendo:/ hoje beija, amanhã não beija,/(...) Inútil você resistir/ (...) O amor no escuro, não, no claro,/ é sempre triste, meu filho, Carlos.” Não, o amor não é sempre triste. Isso garanto, com o devido respeito ao poeta. Mas também não é sempre alegre e divertido.
O amor não salva ninguém da própria vida, dos problemas e limitações, ou das incoerências do próprio amor. Para amar, é preciso tolerar uma espécie de “retrocesso”, uma recaída em relação à onipotência e megalomania do individualismo, que faz tudo parecer possível. Talvez por isso se diga, em inglês, que apaixonar-se é ter uma espécie de queda, um fall in love (queda no amor, literalmente); ou, em francês, tomber amoureux (cair de amor), como nos lembra o psicanalista Jean-Bertrand Pontalis, ainda interessado em falar do amor aos 83 anos!
Observamos a heterogeneidade (“como nos lembra o psicanalista Jean-Bertrand Pontalis”) usada como argumento de sustentação do dizer que se está tecendo e, também, para instaurar uma luta de vozes com o poeta Carlos Drummond de Andrade, de quem o autor discorda. Segundo Authier-Revuz (in Fernandes, 2005, p.40), “a heterogeneidade mostrada inscreve o outro na seqüência do discurso – discurso direto, aspas, formas de retoque ou de glosa, discurso indireto livre, ironia”. Temos, então, um sujeito descentrado, atravessado pelo outro, capturado pelas palavras do outro, palavras que se fundem e se atualizam na produção discursiva.
Em algumas instâncias é vetada a possibilidade de se discordar de quem detém um determinado conhecimento (um grande teórico, por exemplo) ou de quem adquiriu uma consagração a partir de sua produção artística (como é o caso de Drummond). Apesar dessas ressalvas, o autor mostra ao leitor a possibilidade de diálogo com diferentes vozes, transformando o discurso numa arena de luta de vozes.
No recorte 6, o autor cria um efeito de sentido de solidariedade para com seus leitores, instaurando um diálogo entre enunciador e enunciatário, o que podemos constatar com o uso do advérbio de negação “não”, o qual implica o leitor e reclama dele uma confirmação dos sentidos traçados pelo autor, como se este dependesse da aprovação daquele. Além disso, ao usar a primeira pessoa do plural, novamente o autor cria um efeito de cumplicidade para com o leitor, o que pode, também funcionar como uma estratégia persuasiva, posto que, se o analista também vive isso, ele pode compreender melhor a situação vivida pelo leitor. Como já observamos pela análise do recorte 4, o sujeito-autor cria um efeito de simetria com seu leitor e não de assimetria (psicoteraputa-leitor) e essa recorrência, a nosso ver, está ligada à estratégia discursiva usada por esse tipo de revista, a saber, aquela que tem um público-alvo que procura profissionais da saúde em suas páginas, a fim de encontrar soluções ou breves explicações para seus conflitos, sem a necessidade de uma discussão mais consistente e teórica acerca do tema posto em questão.
Recorte 6:
Os fatos retratados talvez não mudem, mas os olhos que os observam são — ou deveriam ser — mais refinados, mais objetivos, mais sábios. O novo está no olhar — e seria de esperar que esse olhar tivesse se tornado ainda mais amoroso. Tantas promessas de ano novo formulamos, não? Todas tão irrealizáveis — não em razão de sua natureza, mas por facilmente conseguirmos boicotá-las. Todas tão voltadas para nosso umbigo: “Vou parar de fumar.” “Vou fazer regime.” ”Vou voltar a fazer ginástica...”.
Quem sabe na passagem do ano possamos nos propor a uma tarefa revolucionária, a um só tempo egocêntrica e altruísta: a de revolver as terras das estradinhas que percorremos e, com isso, zelar pelos bens mais preciosos que conquistamos: nossos amores e nossa capacidade de amar.
Para Bakhtin (in Brait, 1994, p.19):
A fala do outro é interiormente persuasiva, implica o conflito entre a fala do enunciador e as outras falas persuasivas por ele incorporadas. E é essa justamente a fala que, por não estar apoiada no conhecido, permanece aberta, capaz de, em cada novo contexto dialógico, revelar novas possibilidades semânticas.
Parece que o sujeito-autor migra da posição discursiva de analista, daquele que observa a distância e passa a ocupar a posição daqueles que estão vivendo a mesma situação; ele não precisa valer-se de fatos vivenciados por seus pacientes ou por pessoas as quais ele observa, mas ele pode ter a liberdade para colocar-se no enunciado e se mostrar – algo extremante temido por muitos da área da Psicologia. No entanto, o modo como a seqüência lingüística se apresenta (“conseguimos”; “percorremos”; “conquistamos”) disfarça a marcação explícita da subjetividade com o artifício lingüístico da primeira pessoa do plural, o que dilui o “eu” na relação com o outro.
Com base nas análises realizadas até aqui, observamos que o sujeito-analista constrói uma imagem do leitor da revista Caras como se este buscasse encontrar nos textos uma linguagem mais próxima do discurso do senso-comum do que do discurso científico e, talvez, por esse motivo, tenhamos um enunciador que deixa marcas de subjetividade nos enunciados, que recorre a exemplos cotidianos, que estabelece um diálogo com o leitor, características estas não encontradas nos discursos de caráter científico.
Sendo assim, o autor fica numa linha tênue entre seu dizer e o dizer do outro, ora tentando discursivizar o que o outro disse; ora, apresentando seu ponto de vista sobre o objeto discursivo que está sendo disputado entre analista e analisando e as outras vozes que se fazem ouvir sobre o tema, as quais o autor recorre para sustentar sua produção textual. Isso significa dizer que é impossível desconsiderar a heterogeneidade constitutiva da linguagem, uma vez que todo discurso sempre se constrói a partir de um outro/Outro.
O último texto analisado é da autoria da psicoterapeuta Rosa Avello. Neste trabalho, ela discute a importância do amor na vida das pessoas como um evento da evolução de nossa espécie. Novamente, temos um sentido biologizante, que nos remete à teoria darwiniana, como se as espécies mais evoluídas estivessem mais preparadas para sobreviverem, para terem sucesso no amor, para compreenderem o que deve (e pode) ser feito para não serem eliminadas. No recorte 7, também, a autora, capturada pela ilusão nº1 (Pêcheux, 1993), escreve sobre relacionamentos como se estes dependessem da vontade dos sujeitos, como se o sujeito fosse dono do seu dizer e da sua vontade e pudesse controlá-los por meio de escolhas conscientes. Vejamos:
Recorte 7:
Não pretendo entrar nos detalhes dessa discussão. Também não tenho a intenção de definir o sentimento. Já deixei claro em textos que publiquei nesta revista que não acredito que seja possível defini-lo. Não creio que as palavras tenham alcance para tal. (...) Mas não quero dar a impressão de que os atos de amor são penosos, destituído de prazer, de alegria e de leveza. (...) Ao buscarmos o crescimento de nosso parceiro, ampliamos nossos limites e também evoluímos. Mas isso não ocorre naturalmente. Requer esforço. Quando amamos alguém, nosso amor só se torna demonstrável, ou real, por meio de nosso esforço. O amor por nosso parceiro e o desejo de fazer o melhor por ele nos dão a oportunidade de superar limites e barreiras que estão apenas em nossa cabeça. Por amor abandonamos crenças limitantes e conseguimos fazer o que não acreditávamos que fôssemos capazes. Engana-se quem pensa que o amor é um evento espontâneo. Trata-se de uma escolha. E dá trabalho. Mas ter amor por alguém, e conseqüentemente o desejo de fazer o melhor por essa pessoa, é uma oportunidade de superar limites e de evoluir, uma aventura cheia de desafios que nos leva ao que existe de mais belo e profundo na experiência humana.
Isso nos faz retomar a discussão anterior sobre a assunção da autoria nos profissionais da área Psi, por exemplo. A área, que trabalha, dentre outras, com questões tipicamente humanas como desejos, ansiedades, frustrações, complexos, medos, dificuldades deve ser aberta não apenas a receber as queixas e trabalhar com sintomas, mas, fundamentalmente, colocar-se enquanto produtora de discursos e saberes, muitos dos quais partindo de experiências pessoais.
No entanto, o que observamos por meio das análises realizadas, foi um constante retorno a sentidos estereotipados, a paráfrases que sustentam sentidos que sempre retornam, o que pode ser interpretado como uma tentativa de manter o leitor preso à coluna, já que o autor não promove uma ruptura, um questionamento dos sentidos tecidos sócio-historicamente, o que poderia causar estranhamento no leitor. Diante dessa possibilidade, o autor apresenta algumas questões de modo vago, tais como “não pretendo entrar em detalhes”; “superar limites e evoluir”, sem comprometer-se com a polissemia, sem instaurar o discurso polêmico (Orlandi, 1996b).
Considerações finais
Nossa tentativa, neste trabalho, foi a de investigar os possíveis sentidos assumidos pela e atribuídos ao conceito de autoria, a partir de uma análise discursiva. Um exercício e tanto, mas que não possui um fim. E talvez seja este o grande fascínio que a AD levanta, o da incompletude, que por vezes incomoda, por vezes se assenta, mas principalmente movimenta. Movimenta o sujeito discursivo em torno de si e da linguagem, das múltiplas facetas envolvidas no processo de construção de sentidos. Muitos outros sentidos, com certeza, vão e podem emergir. Cada olhar lançado remete a um novo olhar, e é nesse jogo dialético e dinâmico, nesse constante posicionamento diante dos fatos, na tensão entre o dito e o não-dito, entre a paráfrase e a polissemia que o analista do discurso se relaciona com seu objeto de estudo.
O analista, desconstruindo a evidência, procura demonstrar como um objeto simbólico produz seus sentidos. A contradição entre a linguagem e as coisas do mundo permite o surgimento da ideologia, para a AD, e é a partir dessa contradição que se produz um imaginário, em que uma interpretação particular aparece como a interpretação necessária, devido à atribuição de sentidos fixos em determinadas condições de produção.
Pensando na noção de autoria, o sujeito deve ser capaz de perceber-se com a possibilidade de produzir seu discurso, a partir de seu ponto de vista, o que está relacionado à posição social ocupada pelos interlocutores, em dado contexto sócio-histórico; logo, o ponto de vista do sujeito sempre pode vir-a-ser, outro, dependendo das condições de produção do discurso, dependendo de quem fala, para quem se fala e a partir de quê lugar.
Assim, a autoria, mais do que permitir que o sujeito se responsabilize pelo seu dizer nos remete à necessidade premente de incentivar uma formação pautada na assunção de pontos de vista, de perspectivas diferentes, de posicionamentos diversos, considerando que a função-autor deve trabalhar com o dialogismo, a heterogeneidade e, a partir disso, o sujeito tenta controlar os sentidos do seu texto, criando a ilusão de começo, meio e fim, numa tensa relação entre paráfrase e polissemia.
1Psicólogo e Mestrando em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), Especialista em Gestão da Educação e graduando em Pedagogia pela Universidade de São Paulo (USP). E-mail: scorsolini_usp@yahoo.com.br
2Doutora em Psicologia e Educação pela Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Docente dos cursos de graduação em Pedagogia e Pós-Graduação em Psicologia da FFCLRP/USP. Pesquisadora em Análise do Discurso de orientação francesa, com diversos livros publicados sobre o tema. E-mail: smrpacifico@ffclrp.usp
3A revista Caras, publicada pela Editora Abril desde novembro de 1993, é inspirada em uma publicação argentina surgida na década de 90 no governo Menem. Esta revista era uma publicação à imagem e semelhança da "nova sociedade" argentina. Assim nasceu "Caras", a revista dos ricos e famosos. Em papel couchê de primeira, com diagramação impecável e recheada de fotos, "Caras" exibia exuberantes mansões nos mais luxuosos condomínios fechados de Buenos Aires, enormes barcos atracados em balneários famosos, ou mesmo celebridades triunfantes contando como superaram uma triste desilusão amorosa. Na Argentina, o auge de Caras foi no verão de 1993, quando chegou a ter uma tiragem de 370 mil exemplares.
4Psicoterapeuta de orientação junguiana, é professor-doutor em Psicologia Clínica e autor de O Pai e a Psique (Editora Paulus).
5Psicoterapeuta e psicodramatista com especialização em sexualidade humana pelo Instituto Sedes Sapientiae.
6Psicanalista no Rio de Janeiro e em Teresópolis (RJ).
7Médico psiquiatra, psicoterapeuta e sexólogo, articulista da coluna Sexualidade, do jornal Correio Popular, de Campinas (SP), foi professor do curso de especialização em Sexualidade Humana na Unicamp e do Departamento de Neuropsiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da PUC.
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Submetido: 13/08/2008, aceito: 01/10/2008