O desenvolvimento do Fototeodolito e seu uso na fronteira entre Brasil e Argentina
Resumo
O presente trabalho investigou o papel histórico do fototeodolito e seus diálogos entre a técnica, os usuários e resultados obtidos a partir do uso desse instrumento. Dessa maneira buscamos: abordar seu passado técnico-científico, destacando, do ponto de vista da história da ciência, as permanências e as descontinuidades de diferentes aspectos do instrumento e suas técnicas; analisar sua chegada ao Brasil através do estudo de caso de seu uso na fronteira entre Brasil e Argentina; e, por fim, investigar a construção e a musealização do fototeodolito como patrimônio científico presente no acervo do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST). Desenvolvido na França em meados do século XIX, esse instrumento mesclava a técnica geodésica de cálculos angulares dos teodolitos com a recém-desenvolvida técnica da fotografia. No Brasil, dois desses instrumentos foram importados pelo governo republicano no fim do século XIX para compor parte do acervo instrumental destinado à solução dos problemas cartográficos brasileiros, como a questão limítrofe ainda não resolvida com a Argentina. A escolha desse instrumento, para ser utilizado pela Comissão Demarcadora de Limites entre Brasil e Argentina (1900-1905), esteve vinculada à presença do astrônomo do Observatório Astronômico do Rio de Janeiro, Henrique Morize, que dominava ambas as técnicas necessárias para o manuseio, e à possibilidade de superar obstáculos topográficos, como em Foz do Iguaçú, dificilmente resolvidos com os métodos convencionais. Por fim, após tornar-se obsoleto frente às inovações técnicas, o fototeodolito foi musealizado pelo MAST, na Exposição “Fotografia: Ciência e Arte” em 2012. A reconstrução da “biografia” desse instrumento, de sua construção até a exposição atual, permite uma compreensão mais ampla sobre a história do patrimônio científico brasileiro.
Palavras-chave: fronteira Brasil-Argentina, instrumentos científicos, Henrique Morize.
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