Escravidão, pecuária e liberdade: o Livro de classificação de escravos (Alegrete, década de 1870)

Autores

  • Marcelo Santos Matheus Doutorando em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Resumo

O presente artigo tem por finalidade explorar uma fonte ainda pouco utilizada pela historiografia: o Livro de classificação dos escravos para serem libertados pelo Fundo de Emancipação – no caso, o Livro para Alegrete, município situado na região da Campanha rio-grandense e que tinha na pecuária sua principal atividade econômica. Inicialmente, iremos abordar dois aspectos – a ocupação dos cativos, com ênfase nos escravos que tinham como especificidade o trato com o gado, e a estrutura de posse cativa. Depois, a partir do cruzamento das informações retiradas do Livro com as cartas de alforria para a mesma localidade, iremos observar se havia alguma relação entre a pecuária e a produção da liberdade. Através da análise da fonte referida, foi possível verificar que a quantidade de escravos campeiros era muito significativa. Isto se torna ainda mais relevante quando tratamos da década de 1870, período em que boa parte da historiografia afirma que a mão de obra escrava, na província do Rio Grande, estava em decadência, em razão da crise pela qual passou a produção charqueadora, para onde era destinado grande parte do gado produzido na Campanha, e também em função do tráfico interno – com o sudeste cafeeiro drenando, em tese, boa parte dos cativos rio-grandenses. Da mesma forma, foi possível notar que a posse de escravos ainda estava bastante disseminada pelo tecido social, com predomínio absoluto dos pequenos plantéis. Neste sentido, o presente trabalho busca redimensionar a importância da mão de obra escrava, nas últimas décadas da escravidão, para uma região de economia periférica, e verificar o quanto a manutenção do sistema escravista interessava, ou não, apenas ao sudeste cafeeiro.

Palavras-chave: escravidão, pecuária, liberdade.

Biografia do Autor

Marcelo Santos Matheus, Doutorando em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Doutorando em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Possui mestrado em História pela UNISINOS. Pesquisa História do Brasil Império, com ênfase nos temas Escravidão, Hierarquia Social e Liberdade.

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Publicado

2012-11-13

Edição

Seção

Artigos