Do professor paroquial às professoras catequistas: notas para a história da educação em Santa Catarina

Autores

  • Clarícia Otto Universidade Federal de Santa Catarina

Resumo

Numa perspectiva histórica, o ensino primário como um espaço ocupado majoritariamente por mulheres é uma construção social. No Brasil, esse processo de as mulheres assumirem o magistério foi constituindo-se ao longo do século XIX e primeiras décadas do século XX. Esteve imbricado a fatores econômicos, sociais, culturais, religiosos e políticos. Todavia, houve leituras e discursos que o naturalizaram de tal forma que o serviço na instrução elementar foi paulatinamente sendo associado a uma missão sagrada. Nesse sentido, objetiva-se problematizar os discursos construídos em torno da fundação de uma associação de professoras, no Estado de Santa Catarina, em 1913. A fundação dessa Associação foi uma iniciativa e estratégia pastoral em prol dos valores religiosos nas escolas paroquiais, levada a cabo por padres alemães da Província Santa Cruz da Saxônia. O discurso incorporado pelas jovens professoras assumiu um caráter missionário, associando o exercício do magistério à vocação, abnegação e doação. Ou seja, um trabalho no qual não haveria a necessidade de muita recompensa material. A discussão aqui empreendida sinaliza também para as relações de poder e de gênero na educação, na medida em que as jovens professoras foram encerradas numa rede de práticas e proibições, formadas para a renúncia de si e abdicação dos desejos.

Palavras-chave: professoras, magistério, missão sagrada.

Biografia do Autor

Clarícia Otto, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutora em História. Professora do Departamento de Metodologia de Ensino na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), nível Adjundo 3, e do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/UFSC).

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Publicado

2012-06-25