Al-Khandaq al-Ghamiq. Memórias de um bairro em ruína no centro de Beirute
Resumo
O que acontece no quotidiano de uma cidade como Beirute, onde as marcas da guerra que a maltratou durante 15 anos se mostram ainda hoje, em numerosos lugares, ao olhar de seus habitantes? A descrição do uso da memória na escala de um bairro destruído da capital permite a construção das temporalidades urbanas em ligação com o período das guerras libanesas (1975-1990). A cidade, espaço do quotidiano das práticas comuns, constitui um suporte e um vetor das expressões memoriais. Assim, na banalização das destruições ou na criação de lugares memoráveis, resultado de empreendimentos memoriais militantes, a sociedade citadina qualifica as marcas da guerra que muitas vezes simbolizam o que, precisamente, foi uma das questões da guerra civil: a coexistência das comunidades no espaço urbano. Justamente por essa razão, se o suposto objeto memorial é a guerra, sua força evocativa não se limita a isso. A análise do que acontece em torno dos edifícios em ruínas do bairro de Khandaq al-Ghamiq, antigo bairro misto de Beirute, visa compreender a construção das identificações coletivas urbanas contemporâneas. As práticas de transmissão, herança e as representações de que esses edifícios são objeto revelam a complexidade das relações entre as lembranças julgadas “benéficas” e o que pode parecer o negativo do trabalho da memória, suas zonas de sombra e de negação de certos episódios do passado. Em razão disso, o que poderia parecer, num primeiro momento, uma lacuna ligada às condições particulares da pesquisa torna-se, na análise, revelador das tensões que regem a maneira e o poder de dizer (ou não) a guerra.
Palavras-chave: Al-Khandaq al-Ghamiq, ruínas, memória coletiva.
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