Uma memória compartilhada: o romance francês da guerra civil, do êxodo e do exílio espanhóis

Autores

  • Sylvie Sagnes LAHIC (CNRS, EHESS, Ministère de la Culture)

Resumo

A recordação da Retirada é hoje cultivada na França por uma comunidade memorial porosa que admite, ao lado dos herdeiros diretos dos republicanos exilados, número de peças trazidas. Apreender esses outros da memória, da diversidade de seu recrutamento social e as questões ligadas à sua adoção voluntária constitui uma vasta ambição, na visão daquela escolha de questionar a partir de uma produção memorial particular, no caso o romance de memória, permite delimitar um terreno mais facilmente perceptível. Contribuindo para elucidar a razão de ser desses outros, a etnografia do romance da Retirada abre novas perspectivas sobre uma memória do êxodo e do exílio que tende a cobrir a voz das associações que militam pelo reconhecimento desta memória. De fato, o romancista faz ouvir um ponto de vista dissonante, onde se misturam quatro sensibilidades: as do testemunho, do historiador, do moralista e do francês. Sob sua caneta, o discurso vitimizante e heroicizante que a comemoração pública apresenta se vê, então, singularmente temperado pela difamação do engajamento político e da ideia de uma possível resiliência. Deste modo, as acusações culpabilizantes destinadas à França de 1939 podem dar lugar a uma imagem positiva da recepção. A análise tenta dar conta desta dissidência memorial que não diz seu nome.

Palavras-chave: memória, comunidade memorial, romance de memória, guerra civil espanhola, espanhóis republicanos.

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Publicado

2011-12-22

Edição

Seção

Dossiê: Os males da memória