A respeito de migrações e estigmas: indígenas Camba-Chiquitano na fronteira Brasil-Bolívia, segunda metade do século XX

Autores

  • Giovani José da Silva UFMS

Resumo

Todos os que se dedicam a estudar a história dos Chiquitano, especialmente no século XX, concordam que a passagem da Estrada de Ferro Santa Cruz de la Sierra-Corumbá pela Chiquitania, Oriente boliviano, provocou fortes impactos sobre as populações indígenas e não indígenas da região, conhecida também por “terras baixas”. No caso dos Kamba, esse impacto se traduziu na saída de uma determinada parcela das proximidades de Roboré, Tapera e San José de Chiquitos e sua entrada no Brasil, em meados do século passado. Assim, pode-se afirmar que a construção da ferrocarril (1939-1954) provocou o engajamento de grande número de indígenas bolivianos, muitos dos quais penetraram em território brasileiro de forma clandestina aos olhos oficiais. Das razões apresentadas por narradores indígenas entrevistados em relação à migração da Bolívia para o Brasil, duas se destacam: (i) os pioneiros Kamba teriam aproveitado a “descida” para Corumbá, como mão de obra da ferrocarril, e daí se fixaram na cidade; (ii) após esse primeiro movimento migratório, outros indígenas se deslocaram, atendendo aos chamados dos parentes (afins e consanguíneos), já moradores no lado brasileiro. O artigo tem por objetivo apresentar informações a respeito da construção da Estrada de Ferro Brasil-Bolívia, bem como dos impactos que esta construção provocou sobre a vida das populações indígenas que viviam na Chiquitania, especialmente sobre os Chiquitano (e os estigmas a estes impingidos). Ressalta-se que, apesar de ter sido a mais importante via de transporte de migração, a ferrovia não foi a única forma de os Kamba chegarem ao lado brasileiro da fronteira.

 

Palavras-chave: migrações, estigmas, indígenas Camba-Chiquitano, fronteira Brasil-Bolívia, século XX.

Biografia do Autor

Giovani José da Silva, UFMS

Docente do Curso de História da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul)/ CPNA (Campus de Nova Andradina) e pesquisador colaborador da UnB/ Ceppac (Universidade de Brasília/ Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas)

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Publicado

2011-05-03

Edição

Seção

Dossiê: Questões indígenas contemporâneas: História e Antropologia em fronteiras