Entre o trono e o cálice: intoxicação frequente de reis macedônios como topos literário na historiografia helenística e nas fontes sobre Alexandre Magno

Autores

  • Henrique Modanez de Sant Anna Professor Adjunto de História Antiga na Universidade de Brasília

Resumo

Embora alguns historiadores tenham defendido que o registro de intoxicação frequente entre reis macedônios nas fontes antigas ilustre um “costume nacional” (Walbank, 1967), um desvio do genérico “dever aristocrático” em Políbio (Eckstein, 1995), ou ainda uma tendência à violência física nos banquetes reais como traço de alteridade (Murray, 1996), o mesmo não foi devidamente interpretado como um topos literário na historiografia tardo-clássica e helenística, com relevantes ecos tardios nos relatos sobre Alexandre Magno. A hipótese deste artigo é a de que o isolamento metodológico deste fator, posto em perspectiva, permite que observemos como Políbio (representante máximo da historiografia helenística sobre os reis macedônios) lança mão de um lugar-comum já presente em Teopompo especificamente sobre a intoxicação dos reis macedônios (com um desacordo radical entre os dois sobre Filipe II), e como ecos desse alcoolismo em relatos posteriores sobre Alexandre Magno reforçam o mesmo topos literário por outra tradição de fontes primárias (Ptolomeu, Aristóbulo e Clitarco, todos anteriores a Políbio).

Biografia do Autor

Henrique Modanez de Sant Anna, Professor Adjunto de História Antiga na Universidade de Brasília

Professor Adjunto IV de História Antiga na Universidade de Brasília, onde atua no Programa de Pós-Graduação em História (poshis.unb.br). Suas principais áreas de interesse incluem a história político-militar do mundo helenístico, os fragmentos dos historiadores gregos (FGH) e, muito recentemente, as relações entre o Helenismo e o Cristianismo primitivo (esp. os primeiros apologistas).

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Publicado

2020-01-31

Edição

Seção

Artigos