Extensão rural e hegemonia norte-americana no Brasil

Autores

  • Sonia Regina de Mendonça

Resumo

No contexto do imediato pós-II Guerra e inícios da Guerra Fria, um novo paradigma de educação rural emergiria, respaldado pelo Programa Ponto IV do presidente Truman. Um de seus eixos consistiu na ressignificação do conceito, através da ênfase a práticas educacionais não-escolares, destinadas a fomentar o consumo das novas tecnologias agrícolas produzidas no epicentro do capitalismo mundial. O trabalho analisa as novas práticas de ensino agrícola perpetradas no Brasil a partir de acordos de cooperação firmados entre o governo norte-americano e o Ministério da Agricultura brasileiro. A ênfase do estudo recai sobre o papel do extensionismo como “correia de transmissão” entre o grande capital e o trabalhador rural brasileiro, abordando-se os mecanismos de convencimento adotados pelos agentes extensionistas visando a incutir, junto à força de trabalho rural, valores, hábitos, práticas e rudimentos de uma cultura técnica que, em teoria, a faria escapar do subdesenvolvimento, integrando-a aos circuitos mercantis do capitalismo hegemônico. Para atingir tal objetivo, efetuar-se-á o cotejo entre o discurso e as práticas da Extensão, para demonstrar o caráter excludente dos critérios estabelecidos para a definição dos potenciais beneficiários das chamadas “novas práticas educativas”, evidenciando seu perfil político-ideológico. Com base em documentos publicados pela Pasta da Agricultura, bem como em vasta documentação estadunidense, são analisados os mecanismos por cujo intermédio o projeto norte-americano assumiu, no decorrer da década de 1950, a dimensão de política pública com abrangência nacional.

Palavras-chave: extensionismo rural, Estado, relações Brasil-Estados Unidos.

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Publicado

2021-06-11

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Artigos