Ascensão no clero, obstrução na Inquisição: a elite eclesiástica colonial reprovada no Tribunal do Santo Ofício português

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DOI:

https://doi.org/10.4013/hist.2022.263.04

Resumo

Este artigo examina o fracasso de membros da elite eclesiástica colonial portuguesa no acesso às habilitações da Inquisição, buscando identificar as circunstâncias do veto destes padres na carreira inquisitorial. O arrolamento das habilitações incompletas do Tribunal do Santo Ofício permitiu levantar dezenas de habilitandos que eram eclesiásticos ocupantes de postos prestigiosos nas dioceses do império, atuantes em funções como deão, chantre e arcediago, ou ainda nas justiças eclesiásticas, como vigário da vara e vigário-geral, mas que terminaram rejeitados em postos da Inquisição especialmente por dois motivos: ter mau procedimento ou ser de origem cristã-nova. A pesquisa identifica as estratégias empregadas por padres controversos na busca pela comissaria depois de alcançarem postos de destaque nas catedrais ultramarinas. O argumento central é que, se o acesso à alta hierarquia diocesana dos territórios coloniais poderia servir como plataforma de distinção a sacerdotes de honra contestável, diante da possibilidade menos rígida de construção da autoridade nos mundos coloniais, mais distantes do centro normatizador e governativo, o mesmo não se verificou nos provimentos do Santo Ofício, em razão da maior exigência e do controle mais centralizado da política de recrutamento da instituição.

Biografia do Autor

Luiz Fernando R. Lopes

Professor efetivo de História do Instituto Federal de Brasília - IFB. Doutor em História pela Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP (2018), com período de 10 meses de doutorado sanduíche (PDSE-Capes) no CIDEHUS - Universidade de Évora, em Portugal (2015-2016). Mestre em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF (2012). Licenciado e Bacharel em História pela Universidade Federal de Viçosa - UFV (2009).

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Publicado

2022-11-04