Criolo e comunidade LGBTQIA+ entre controvérsias e alianças

Uma análise do projeto “Etérea”

Autores

  • Leonam Dalla Vecchia Universidade Federal Fluminense
  • Leandro Stoffels Universidade Federal Fluminense
  • Simone Pereira de Sá Universidade Federal Fluminense

Resumo

O objetivo do artigo é investigar o projeto audiovisual “Etérea”, do rapper Criolo, à luz das controvérsias do artista com a comunidade LGBTQIA+. Desta maneira, nossa aposta é que este projeto - constituído por videoclipe e documentário - torna-se profícuo para refletirmos sobre como alianças performativas interseccionais podem ser construídas e materializadas no complexo ambiente das redes digitais. A fim de operacionalizar a análise proposta, lançaremos um olhar por sobre a trajetória artística de Criolo, atentos às controvérsias envolvendo a sua performance midiática e a comunidade LGBTQIA+ no decorrer dos últimos anos, a partir de entrevistas e matérias da mídia sobre o artista. Em seguida analisaremos o projeto “Etérea”, tendo como premissa que este trabalho busca uma aliança (BUTLER, 2018) entre masculinidades e sexualidades normativas - características marcantes do ambiente performático vinculado ao gênero rap e da construção midiática de Criolo - e o movimento LGBTQIA+, através da exibição e valorização de corpos dissidentes. A fundamentação teórica que sustentará a análise levará em consideração o conceito de performance (FRITH, 1996; GUTMANN, 2021; SOARES 2013; TAYLOR, 2013; SCHECHNER, 2009) e a centralidade que tais estudos atribuem ao corpo na produção de sentido das audiovisualidades musicais em rede. Ao analisarmos tais corpos e sua presença nas audiovisualidades musicais enredadas pelo ecossistema das plataformas digitais (VAN DIJCK, 2013), apostamos que tais ambiências funcionam como espaços (imateriais) de aparecimento político, nos termos de Judith Butler (2018)

Biografia do Autor

Leonam Dalla Vecchia, Universidade Federal Fluminense

Doutorando em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense, com ênfase em Estéticas e Tecnologias da Comunicação. Pesquisador do Laboratório de Pesquisa em Culturas e Tecnologias da Comunicação (LabCult/UFF). Coordenador da equipe de tradução da Revista Contracampo (PPGCOM/UFF). Mestre em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense e Bacharel em Cinema pela Universidade Federal de Santa Catarina, com Intercâmbio Acadêmico em Motion Pictures pela University of Miami. Atualmente desenvolve pesquisas relacionadas ao universo da Música Pop, Cultura Pop, Fluxos Audiovisuais na Cultura Digital, Indústria Fonográfica, Questões de Raça e Gênero e Estudos da Performance.

Leandro Stoffels, Universidade Federal Fluminense

Mestrando em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense. Integrante do Laboratório de Pesquisa em Culturas e Tecnologias da Comunicação (LabCult/UFF) e do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Culturas, Gêneros e Sexualidades (NuCuS/UFBA). Bacharel em Comunicação - Habilitação em Produção Cultural pela Universidade Federal da Bahia. Desenvolve pesquisas sobre masculinidades dissidentes, políticas queer, artivismos musicais e videoclipes em plataformas digitais.

Simone Pereira de Sá, Universidade Federal Fluminense

Professora Titular da Universidade Federal Fluminense no curso de Estudos de Mídia e no Programa de Pós-Graduação em Comunicação, onde coordena o LabCult – Laboratório de Pesquisa em Culturas e Tecnologias da Comunicação. Foi Visiting Scholar nas Universidades McGill, no Canadá (2008) e King's College, University of London, U.K, (2015/2016). Seus interesses de pesquisa se dirigem prioritariamente para as confluências entre música e cultura digital, com foco nas cenas musicais pop-periféricas do Brasil e as disputas e ativismo de seus fandoms; nas redes sociais; e também nas metodologias para análise da materialidade das plataformas e dos produtos audiovisuais nativos deste ambiente, tais como videoclipes, álbum visuais, entre outros.

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Publicado

2022-04-19

Edição

Seção

Dossiê