Sapatão+

lesbianidades negras, gordas, mais velhas e com deficiência nas plataformas de mídias sociais

Autores

  • Joana Ziller UFMG
  • Dayane Barretos
  • Kellen Xavier
  • Leíner Hoki

Resumo

A curadoria algorítmica das plataformas de mídias sociais instaura, em relação às lesbianidades interseccionais, uma lógica que possibilita uma circulação de conteúdos ausentes em outras ambiências midiáticas, mas, ao mesmo tempo, a limita a pessoas que já navegam pelo tema. Mesmo entre os públicos relacionados às lesbianidades, os corpos à mostra são, em sua maioria, de mulheres brancas, magras, jovens, sem deficiência e que performam feminilidade. Há um acúmulo de enviesamentos algorítmicos que torna pouco visíveis mulheres lésbicas como um todo, mas, dentro desse conjunto, reserva ainda menos visibilidade às lésbicas negras, desfeminilizadas, não jovens, com deficiência. Essa hierarquia responde às normas de gênero, reafirmadas cotidianamente pela lógica algorítmica rich get richer, fazendo com que conteúdos que refletem padrões mais amplamente aceitos tendam a ter sua circulação ampliada - e conteúdos dissidentes, circulação reduzida. Mas a própria visibilidade lésbica pode ser tomada como também composta por resistências, mesmo que a mediação algortímica das plataformas de mídias sociais amplifique os traços hegemônicos que a compõem. Assim, as mesmas redes que nos privam da circulação ampliada são ferramentas para a publicação de discussões politizadas por lésbicas negras, periféricas, gordas, que não são jovens, com deficiência. Partindo de tais discussões, este artigo se volta aos perfis Dedilhadas e Sapatão Amiga (YouTube); @pretacaminhao e @vanessagrao e (Instagram) para analisar resistências lésbicas em intersecções variadas em plataformas de mídias sociais. Os perfis foram selecionados, a partir do histórico de pesquisa das autoras, tendo como critério central a visibilidade e o engajamento alcançados.

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Publicado

2022-04-19

Edição

Seção

Dossiê