Uma revisão da alegação de Aristóteles sobre as crenças fundamentais dos Pitagóricos: tudo é número?
DOI:
https://doi.org/10.4013/fsu.2016.171.06Resumo
A pergunta, “Tudo é número?” no título do famoso artigo de 1989 de Zhmud, deixa aberto um desafio para o extremamente importante testemunho aristotélico de que “tudo é número” era a definição fundamental da filosofia pitagórica. Tal desafio não é nada simples, especialmente quando se considera que, até então, as histórias tanto da filosofia quanto da matemática antiga parecem não ter dúvidas de que esta afirmação é correta. Este artigo pretende submeter à avaliação crítica a alegação de Aristóteles de que os pitagóricos acreditavam que “tudo é número”. Nossa análise dos muitos modos nos quais Aristóteles enuncia a tese de que “tudo é número” revelará, para além de variações meramente semânticas, uma contradição teórica fundamental que o próprio Aristóteles parece incapaz de resolver. De fato, três versões diferentes da doutrina estão presentes na doxografia aristotélica: (a) uma identificação dos números com objetos sensíveis; (b) uma identificação dos princípios dos números com os princípios das coisas que existem; (c) uma imitação dos objetos pelos números. Enquanto as versões (a) e (c) parecem identificar, em termos que lembram Platão (‘imitação’), os números com a causa material da realidade, a versão (b), a saber, números como causas formais da realidade, é uma reconstrução aristotélica da teoria pitagórica. Aristóteles teria sido levado a tal reconstrução pela dificuldade que encontrou para aceitar a noção pitagórica material de número, e por considerá-la, para seu gosto, fortemente marcada pela recepção da mesma teoria no ambiente da Academia.
Palavras-chave: Filosofia Antiga, Pitagorismo, Aristóteles, números, ontologia.
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