A política como continuação da liberdade: Hannah Arendt e sua crítica à democracia liberal
DOI:
https://doi.org/10.4013/fsu.2011.123.03Resumo
O liberalismo como fenômeno histórico está intrinsecamente articulado à história da democracia moderna. Se não há consenso acerca do que existe de liberal e de democrático nas democracias liberais, pelo menos há concordância no tocante ao fato de o liberalismo ser precisamente o critério que distingue a democracia liberal das democracias não liberais. Esse critério serviu-nos de guia de orientação, possibilitando proceder ao rastreamento dos pressupostos básicos desta corrente do pensamento político, ao mesmo tempo em que nos permitiu identificar os estreitos vínculos entre liberalismo e democracia. O problema central aqui discutido diz respeito à incompatibilidade entre liberdade e poder, tal como esta se faz presente no âmbito dos estudos sobre a democracia liberal. À luz dessa incompatibilidade, foi possível compreender as razões que levaram Hannah Arendt a problematizar o sistema representativo e a não aceitar a separação entre liberdade e poder, tal como preconizada pelos defensores da democracia liberal. Por meio da investigação foi possível, ainda, apreender que, à luz da concepção de Arendt, o poder está intrinsecamente ligado à liberdade pública e não se efetiva fora da ação dos homens, dependendo, portanto, da convivência entre os homens no espaço público. A partir da problematização dos limites e dificuldades por que passa o sistema representativo que sustenta a democracia liberal, chegou-se à constatação de que, nos termos propostos por Arendt, é possível expandir os sentidos da democracia. Assim, se a preocupação fundamental de Arendt é com o declínio do espaço público, vital para a política e para a condução dos negócios humanos, sua crítica é a mais oportuna, porque enfrenta a apatia e o conformismo que caracterizam a sociedade de massas. O resgate do político e a reabilitação da esfera pública seriam condições necessárias para se repensar as bases da democracia e os princípios liberais que a sustentam.
Palavras-chave: democracia liberal, sistema representativo, liberdade, poder, Hannah Arendt.
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