O silêncio em palavras mudas e ausentes: uma escuta psicanalítica
DOI:
https://doi.org/10.4013/ctc.2018.111.10Resumo
Muitas mudanças foram observadas na clínica psicanalítica desde a sua origem. Uma importante evolução teórica e técnica pode ser atribuída ao papel do silêncio, não sendo apenas compreendido como um fenômeno da resistência, mas também como um valoroso recurso de manejo clínico. Trata-se da necessidade de reconhecer a função do silêncio do terapeuta e do paciente na especificidade da escuta proposta pela Psicanálise. Com o objetivo de investigar a compreensão do silêncio e suas possibilidades de manejo pelo olhar de terapeutas que utilizam o referencial psicanalítico em sua prática clínica, foi utilizado o método qualitativo exploratório. Na coleta de dados, foi realizada uma entrevista semiestruturada com quatro psicólogos de orientação psicanalítica com, no mínimo, dez anos de experiência clínica. Os dados coletados foram analisados qualitativamente por meio da Análise de Conteúdo, resultando em duas categorias: (i) conjunturas sobre a compreensão do silêncio na clínica psicanalítica; (ii) o manejo do silêncio na clínica psicanalítica — possibilidades de uma escuta. Os resultados proporcionaram uma rica discussão sobre o silêncio, ressaltando sua importância na clínica psicanalítica atual e a relevância de compreendê-lo em sua diversidade. Destaca-se a manifestação do silêncio por meio das palavras mudas, que são passíveis de elaboração e interpretação e do silêncio vazio, que se dá na ausência de palavras e na necessidade de sua construção. Não foram observados critérios enrijecidos no manejo do silêncio. O rigor técnico de um manejo flexível e adequado se desenvolve a partir da singularidade da dupla terapêutica e envolve, de maneira concomitante, preservar o silêncio e, também, interrompê-lo.
Palavras-chave: silêncio, escuta psicanalítica, clínica contemporânea.
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